domingo, 20 de maio de 2007

Cap.06 - Curando a ferida

“Eu não sabia o que estava errado comigo,
até que seu amor me ajudou a dar nome ao meu problema”
Aretha Franklin

“No final dessas ruas muito antigas
No final dessas estradas muito antigas
Baby, temos que ir lá juntos
Até que encontremos a cura”
Van Morrison

Há uma hora atrás, um beija-flor estava preso na nossa garagem.
Eles vêm para o Colorado no verão, para acasalarem-se e fazerem seus ninhos e para fazerem a festa nas flores que enchem nosso jardim. Amamos vê-los voando de um lado para o outro, pairando, fazendo acrobacias no ar. Primeiro, eles voam bem alto, acima de aproximadamente 30 pés, como um helicóptero ou como aqueles cata-ventos com que brincávamos quando éramos crianças, depois mergulham tão rápido quanto conseguem, indo de ponta para no último momento possível alçar vôo de novo, indo para o alto para fazer isso de novo. E de novo. Eles são a plenitude da brincadeira espremida em um pequeno tamanho.
Se você olhar de perto, esses delicados passarinhos brilham como esmeraldas, peitos verdes e brilhantes não maiores que seu dedão, mas reluzentes como jóias de uma coroa. Outros têm gargantas de um vermelho profundo e brilhante que resplandece ao sol como rubis. Eles são como arco-íris vivos, voando por nosso quintal – algo fora de um conto de fadas. Sem preocupações, amáveis lembranças de Deus. E então, hoje, uma confundiu a porta da garagem que estava aberta com uma nova passagem, e uma vez que ela voou para dentro, não podia achar o caminho de volta. Pobrezinha. Ela ficou crescentemente apavorada enquanto se debatia contra a janela, desesperadamente tentando voltar para o mundo que ela podia ver diante dela, bloqueada por um tipo de campo protetor invisível.
Meu filho Blaine foi resgatá-la. O irmão dele Sam conseguiu que alguns desses “prisioneiros” se apoiassem em uma longa vara, que ele, então, levava para fora e, assim, eles podiam voltar para a vida. Mas essa se apavorou mais ainda, cruzando a garagem em direção a outra janela que ela percebera como saída. Ela trombou contra a janela em velocidade máxima e caiu no chão. Blaine a pegou com um par de luvas em suas mãos e a levou para fora para ver se podia reavivá-la. Por uns 15 minutos as coisas não pareciam ir bem, mas de repente ela voltou à vida e voou de novo.
O que me impactou foi a compaixão e preocupação que todos nós sentimos para resgatar essa pequena jóia. A família toda deixou de lado o que estava fazendo e se envolveu. (Você não se sentiu mal por ela enquanto eu contava sua história?) Agora, Jesus disse, vocês não acham que Deus se preocupa um pouco mais com você do que com os pássaros do céu? Você não é muito mais valioso do que eles? (Mat. 6.26). De fato, você é. Você, querida, é a coroa da criação, portadora de sua gloriosa imagem. E Ele vai fazer tudo o que for necessário para resgatá-la e libertar seu coração.

A Oferta

Stasi e eu vivemos muitos de nossos anos de vida cristã em boas igrejas, igrejas que nos ensinaram o lugar de adoração e sacrifício, fé e sofrimento, e nos deram um amor pela Palavra de Deus. Mas em todos esses anos, o ministério central de Jesus nunca nos foi explicado. Nós entendíamos, como a maioria dos cristãos, que Cristo veio para nos resgatar do pecado e da morte, para pagar o preço pelas nossas transgressões através de seu sangue derramado na cruz para que nós pudéssemos ser perdoados, pudéssemos voltar para casa de nosso Pai.
Isso é verdade. É maravilhosamente verdade. Mas só... que existe mais.
Os propósitos de Jesus Cristo não se limitam quando um de seus preciosos é perdoado. De forma nenhuma. Ficaria um pai bondoso satisfeito quando sua filha é resgatada de um acidente de carro, mas deixada no CTI? Não quer ele que ela seja curada também? Então Deus tem em mente muito mais para nós. Preste atenção a essa passagem de Isaías (pode ajudar lê-la bem devagar, com muita atenção, ou em voz alta para você mesmo)...
Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;
a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes;
a ordenar acerca dos que choram em Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em vez de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor, para que ele seja glorificado. (61.1-3)

Esta é a passagem que Jesus apontou quando ele começou seu ministério aqui na terra. De todas as Escrituras que ele poderia ter escolhido, essa foi a que ele pegou no dia que, pela primeira vez, ele anunciou sua missão. Deve ser importante para ele. Deve ser central. O que significa? Deveria ser boas notícias, isso é claro. Tem algo a ver com a cura de corações, libertação de alguns. Deixe me tentar e colocar isso em palavras que nos são mais familiares.
Deus me mandou em uma missão
Eu tenho algumas ótimas notícias para você
Deus me mandou para restaurar e libertar algo
E esse algo é você
Eu estou aqui para te devolver seu coração e libertar você
Estou furioso como o Inimigo que fez isso com você, e vou lutar contra ele
Deixe-me confortar você
Porque, minha querida, eu lhe darei beleza
Onde você conhecera somente devastação
Alegria, nos lugares de seu sofrimento profundo
E vou vestir seu coração com louvor de gratidão
Em troca de sua resignação e desespero.

Agora sim, esta é uma oferta digna de consideração. E se fosse verdade? Quero dizer, e se Jesus realmente pudesse e fizesse isso ao seu coração quebrado, à sua alma feminina alma ferida? Lei o texto de novo, e pergunte a ele, Jesus – isso é verdade para mim? Você faria isso por mim?
Ele pode, e irá... se você o deixar.
Você é a gloriosa portadora da imagem do Senhor Jesus Cristo – a coroa de sua criação. Você foi assaltada. Você decaiu aos seus próprios recursos. Seu Inimigo apreendeu você em suas feridas e pecados para cravar seu coração. Agora, o Filho de Deus veio para resgatar você, e para curar seu coração quebrado, ferido e ensangüentado e te libertar do cativeiro. Ele veio para os cativos de corações quebrantados. Eu sou isso. Você é isso. Ele para restaurar a gloriosa criação que você é. E então, libertar você... de você mesma.

E o Senhor seu Deus naquele dia os salvará, como o rebanho do seu povo; porque eles serão como as pedras de uma coroa, elevadas sobre a terra dele. Pois quão grande é a sua bondade, e quão grande é a sua formosura! (Zacarias 9.16-17)

Esta é a principal razão porque escrevemos este livro: para que você saiba que a cura para seu coração feminino é está disponível, e para ajudá-la a encontrar a cura. Para te ajudar a encontrar a restauração pela qual esperamos e que é central na missão de Jesus. Deixe que ele te tome pela mão agora e ande com você através de sua restauração e libertação.

Cercada

Por que Deus amaldiçoou Eva com solidão e coração partido, um vazio que nada seria capaz de preencher? A vida dela já não iria ser dura o suficiente no mundo, banida do Jardim que fora seu verdadeiro lar, seu único lar, não podendo retornar jamais? Isso parece ruim. Cruel, até.
Ele fez isso para salvá-la. Porque, como nós todas pessoalmente sabemos, algo no coração de Eva foi substituído na queda. Alguma coisa criou raízes profundas em sua alma – e nossa – aquele desconfiança sobre o coração de Deus, aquela resolução de encontrar vida nos nossos próprios termos. Então, Deus precisa frustrar os planos dela. Em amor, Ele tem que bloquear suas tentativas até que, ferida e sentindo dores, ela volte para Ele, somente Ele, para resgatá-la.

Portanto, eis que lhe cercarei o caminho com espinhos,
e contra ela levantarei uma sebe, para que ela não ache as suas veredas.
Ela irá em seguimento de seus amantes, mas não os alcançará;
buscá-los-á, mas não os achará . (Oséias 2.6-7)

Jesus precisa nos frustrar também – frustrar nossos planos de auto-redenção, nosso controle e nosso esconderijo, frustrar os caminhos que estamos procurando para preencher a dor dentro de nós. De outro modo, nós jamais nos voltaríamos completamente a Ele para nosso resgate. Oh, nós poderíamos nos voltarmos para Ele para nossa “salvação”, pelo passaporte para o céu quando morrermos. Nós poderíamos voltar para Ele até mesmo na forma de serviço cristão, freqüência nos cultos da igreja, uma vida moral. Mas dentro, nossos corações permaneceriam quebrados e cativos e longe d'Aquele que pode nos ajudar.
E, então, você verá a mão gentil e firme de Deus na vida de uma mulher a cercando. Ele fará miserável o que antes foi um excelente trabalho, se for em sua carreira que ela encontra abrigo. Ele trará dureza para seu casamento, até o ponto do rompimento, se for em seu casamento que ela procura salvação. Seja onde for onde procuremos vida longe d'Ele, Ele atrapalha nossos planos, nosso “modo de vida” que não é vida de jeito nenhum. Ouça a história de Susan:
“As coisas nos trabalho têm sido difíceis. Isso tem me levado a uma postura de defesa. Eu queria dizer: 'Você não entende, você não sabe da minha história. Eu tenho que me defender porque ninguém mais vai fazer isso'. Eu cresci com um pai alcoólico e uma mãe que sofria extremos problemas emocionais. Já bem nova (aproximadamente 8 anos) eu me tornei aquela que, quando meu pai batia em minha mãe, levantava-se para defendê-la, e quando minha mãe repreendia meu pai, eu era aquela que se levantava para defendê-lo. Até meus 16 anos, eu suportei todo o abuso verbas que minha mãe jogava sobre mim, mas chegou o dia em que eu decidi que não suportaria mais, Meu pai me disse que eu precisava voltar lá e agüentar. Essa flecha perfurou meu coração tão profundamente que as paredes do meu coração se tornaram impenetráveis. Eu não permiti que essa ferida fosse tocada por muitos e muitos anos.
Deus tem me mostrado que devido a essa defensividade eu enterrei meu coração verdadeiramente feminino, que deseja profundamente ser perseguido e ser disputado, ser visto em sua beleza, ser frágil e gentil, sentir intensamente. Ele tem me mostrado que, trazendo isso para meu casamento, eu não permiti a Dave a oportunidade de lutar por mim. Sinto pesar por isso. Deus me pediu para arrepender disso perante Dave e arriscar a ser vulnerável de novo. Estou agora em uma posição arriscada de vulnerabilidade, com o coração sangrando esperando e orando. Todo dia eu tenho que escolher deixar de lado minha defensividade e permitir que o bálsamo de cura de Jesus seja colocado em minha ferida e permitir que ele seja meu Deus, minha Força e meu Defensor.
Ele me disse que eu não preciso mais me defender, isso é trabalho dele, ele é meu Defensor e meu Advogado. Deixaria eu que ele fosse isso para mim? Eu disse sim. Tiraram um peso tão grande de minhas costas que eu nem consigo explicar”.

Voltando-se para os caminhos aos quais você procurou para salvar a si mesma

Mude alguns detalhes e você tem a minha história – e a sua. Nós construímos uma vida de segurança (não serei vulnerável nisso) e encontramos um lugar onde podemos sentir um pouquinho do gosto de ser apreciada ou pelo menos de ser “necessária”. Nossa jornada rumo à cura começa quando nos arrependemos desses caminhos e os deixamos de lado, abrimos mãos deles. Eles têm sido um real desastre de qualquer forma. Como disse Frederick Buechner:
Fazer a você o melhor que você tem em você mesmo para fazer – cerrar os dentes e fechar as mãos a fim de sobreviver ao que há de mais duro e pior no mundo – é, pelo próprio ato, ser incapaz de deixar que algo seja feito para você e em você que é mais maravilhoso ainda. O problema de se blindar contra a dureza da realidade é que o mesmo aço que impede sua vida de ser destruída impede, também, que sua vida seja aberta e transformada.

Deus vem a nós e pergunta: “Você me deixará vir em seu favor?” Ele não só frustra, mas ao mesmo tempo ele nos chama assim como ele fez com nossa amiga Susan, “Largue isso. Largue isso. Volte seus caminhos a mim. Eu quero vir em seu favor.”

Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração. (Oséias 2.14)

Para entrar na jornada em direção à cura de seu coração feminino, tudo que é preciso é um “Sim. Ok”. Uma simples mudança no seu coração. Como o filho pródigo, nós acordamos um dia para ver que a vida que nós construímos não é vida de forma alguma. Nós deixamos o desejo falar a nós de novo; nós deixamos nosso coração ter voz, e o que a voz geralmente diz é: “Isso não está funcionando. Minha vida é um desastre. Jesus, sinto muito. Perdoa-me. Por favor, venha ao meu encontro.

Convide-O a entrar

Há uma famosa passagem das Escrituras que muitas pessoas já ouviam no contexto de um convite a conhecer Cristo com Salvador. “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Apocalipse 3. 20). Ele não força a ser aceito por nós. Ele bate, e espera que nós o convidemos a entrar. Há um passo inicial, o primeiro passo disso, que nós chamamos de salvação. Nós ouvimos Cristo batendo à porta e nós abrimos nosso coração a ele como Salvador. É a primeira virada. Mas esse princípio de “bater e esperar para a permissão para entrar” permanece verdadeiro ao longo de nossa vida cristã.
Veja, nós lidamos com nossas vidas quebradas mais ou menos do mesmo jeito – nós lidamos mal. Machuca demais chegar nesse ponto. Então, nós trancamos a porta daquele quarto em nossas vidas e jogamos a chave fora – assim como o Lord Craven tranca o Jardim Secreto após a morte de sua esposa e enterra a chave. Mas isso não traz cura. De jeito nenhum. Pode até trazer alívio – por um tempo. Mas nunca a cura. Geralmente, deixa órfã a garotinha naquele quarto, deixa que ela defenda-se sozinha. A melhor coisa que podemos fazer é deixar que Jesus entre, abrirmos a porta e o convidarmos a nos encontrar naqueles lugares de dor.
Pode surpreendê-la que Cristo pede nossa permissão para entrar e curar, mas ele é gentil, e a porta está fechada pelo lado de dentro, e a cura nunca vem contra nossa vontade. Para experimentarmos sua cura, nós precisamos dar a ele permissão para que também entre naqueles lugares que nós a tanto tempo fechamos para qualquer pessoa. “Você me deixará curá-la?” Ele bate através da nossa solidão. Ele bate através dos nossos sofrimentos. Ele bate através de eventos que se aproximam a algo que nos aconteceu no passado quando éramos jovens – uma traição, uma rejeição, uma palavra dita, um relacionamento perdido. Ele bate através de muitas coisas, esperando que nós deixemos que ele entre.
Dê a ele permissão. Dê a ele acesso ao seu coração quebrado. Peça que ele venha a esses lugares.

Sim, Jesus, sim. Eu te convido a entrar. Venha ao meu coração nesses lugares destruídos. [Você sabe quais são – peça que ele entre aí. Foi algum abuso? A perda do seu pai? O ciúmes de sua mãe? Peça a ele para entrar] Venha a mim, meu Salvador. Eu abro essa porta do meu coração. Eu te dou permissão para curar minhas feridas. Venha a mim aqui. Venha a mim aqui.

Renuncie aos acordos que você fez

Suas feridas trouxeram mensagens com elas. Muitas mensagens. De alguma forma elas pousam sobre o mesmo lugar. Elas têm um tema similar. “Você não vale nada”. “Você não é uma mulher”. “Você é muito... a não é o suficiente”. “Você é um desapontamento”. “Você é repulsiva”. E por aí vai. Como elas nos foram entregues com muita dor, sentimos que são verdadeiras. Elas perfuraram nossos corações, e elas pareciam tão reais. Então, aceitamos as mensagens como fatos. Nós as abraços como se fossem vereditos a nosso respeito.
Como dissemos antes, as promessas que fazemos quando crianças agem como acordos profundamente estabelecidos com a mensagem de nossas feridas. “Tudo bem. Se é assim que as coisas são, então é assim. Viverei minha vida da seguinte maneira...” As promessas que fizemos agem como uma aliança com as mensagens que provêm de nossas feridas profundas. Essas promessas de infância são coisas muito perigosas. Temos que renunciá-las. Antes que estejamos inteiramente convencidas de que elas não são verdade, temos que rejeitar a mensagem de nossas feridas. É uma forma de destrancar a porta para Jesus. Acordos trancam a porta pelo lado de dentro. Renunciar os acordos destrancam a porta para ele.

Jesus, perdoe-me por abraçar essas mentiras. Isso não é o que você disse sobre mim. Você disse que eu sou sua filha, sua amada, sua querida. Eu renuncio os acordos que fiz [nomeie as mensagens específicas com as quais você tem convivido. Eu sou estúpida. Eu sou feia. Você sabe quais são elas] Eu renuncio os acordos que tenho feito com essas mensagens por todos esses anos. Traga verdade aqui, oh Espírito da Verdade. Eu rejeito essas mentiras.

Nós encontramos nossas lágrimas

Um dos motivos por que as mulheres estão tão cansadas é que nós estamos gastando muita energia tentando “manter as coisas”. Muita energia devotada a suprimir a dor e manter a boa aparência. “Eu vou endurecer meu coração”, cantou Rindy Ross. “Eu vou engolir minhas lágrimas”. Um terrível e oneroso jeito de viver sua vida. Parte disso é guiado pelo medo de que a dor vai nos devastar. De que seremos consumidas pelo nosso sofrimento. É um medo compreensível – mas não é mais verdadeiro que o medo que tínhamos do escuro quando crianças. Tristeza, queridas irmãs, é bom. Tristeza nos ajuda a curar nossos corações. Por quê? O próprio Jesus foi um “homem de dores, e experimentado nos sofrimentos” (Isaías 53. 3).
Deixe que venham as lágrimas. Fique sozinha, vá para seu carro ou seu quarto ou para o chuveiro e deixe que venham as lágrimas. Deixe que venham as lágrimas. É a única coisa a fazer para seu ferimento. Permita a você mesma sentir de novo. E você sentirá – muitas coisas. Ira. Tudo bem. Ira não é pecado (Efésios 4.26). Remorso. Claro que você vai sentir remorso e arrepender por tantos anos perdidos. Medo. Sim, isso faz sentido. Jesus pode lidar com medo também. Na verdade, não existe nenhuma emoção que você possa trazer à tona com que Jesus não possa lidar. (Olhe os Salmos - eles são um mar revolto de emoções).
Deixe-as sair.
Como Agostinho escreveu em suas Confissões, “As lágrimas... correram, e eu as deixei fluir o mais livre possível, fazendo delas um travesseiro para meu coração. Sobre elas ele descansou”. Tristeza é uma forma de validação; ela diz que a ferida importava. Importava. Você importava. Esse não é o caminho que a vida deveria seguir. Há lágrimas não derramadas lá no fundo – as lágrimas de uma pequena menina que está perdida e amedrontada. As lágrimas de uma adolescente que foi rejeitada e que não tem para onde se voltar. As lágrimas de uma mulher cuja vida tem sido dura e solitária e nada próximo aos seus sonhos.
Deixe que venham as lágrimas.

Perdoe

Ok – agora para um passo duro (como se os outros tivessem sido fáceis). Um verdadeiro passo de coragem e vontade. Devemos perdoar aqueles que nos machucaram. A razão é simples: amargura e falta de perdão armam suas armadilhas no fundo do nosso coração; elas são cadeias que nos mantêm cativas às feridas e às mensagens das feridas. Até que você perdoe, você permanece prisioneira delas. Paulo nos alerta para o fato de que a falta de perdão e a amargura podem destruir nossas vidas e as vidas de outros (Efésios 4.31; Hebreus 12.15). Nós temos que deixar tudo para trás.

Assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também (Colossenses 3.13)

Agora, escute com atenção. Perdão é uma escolha. Não é um sentimento – não tente e sinta-se perdoando. É um ato de vontade. “Não espere para perdoar até você sentir que perdoou”, escreveu Neil Anderson. “Você nunca chegará lá. Leva tempo para curar sentimentos depois que se toma a decisão de perdoar”. Nós permitimos que Deus traga o sofrimento à tona de nosso passado, porque “se seu perdão não visitar o centro emocional de sua vida, será incompleto”, disse Anderson. Nós sabemos que aquilo machucou, que importava, e nós decidimos estender perdão aos nossos pais, às nossas mães, todos aqueles que nos machucaram. Isso não é o mesmo que dizer: “Não importava mesmo!”; nem é dizer: “no fim das contas, eu provavelmente merecia parte disso”. Perdão diz: “Foi errado. Muito errado. Importava, machucou-me profundamente. E eu te liberto. Eu te entrego a Deus”.
Pode te ajudar lembrar que aqueles que te machucaram, também, foram profundamente machucados. Eles tiveram seus corações partidos, partidos quando eles eram jovens, e eles foram presos pelo Inimigo. Na verdade, eles foram como peões de xadrez em suas mãos. Isso não os absolve das escolhas que fizeram, as coisas que fizeram. Isso só nos ajuda a libertá-los – perceber que eles mesmos são almas despedaçadas, usadas pelo nosso verdadeiro Inimigo em sua guerra contra a feminilidade.

Peça a Jesus para te curar

Nós deixamos nossas estratégias de auto-redenção. Nós abrimos a porta de nossos corações machucados para Jesus. Nós renunciamos aos acordos que fizemos com as mensagens de nossas feridas, renunciamos as promessas que fizemos. Nós perdoamos aqueles que nos feriram. E então, com um coração aberto, nós simplesmente pedimos que Jesus nos cure. Melissa era uma jovem garota que prometeu “serei durona; dura, como uma rocha”, e se tornou assim por muitos anos. Mas esse não é o final de sua história. Ela chegou ao ponto em que Jesus pediu para curar seu coração ferido. Ela lhe deu permissão para entrar. Foi isso o que aconteceu:

Deus voltou atrás e pegou aquela trêmula garotinha que estava se escondendo debaixo da cama e a convenceu a sair. Ele abriu seus pequenos punhos e tomou sua mão e a colocou na dele e respondeu sua questão. Ele a segurou e a disse que era bom ela não ser durona. Ele a protegeria. Ela não precisava ser forte. Ele a disse que ela não era uma rocha, mas uma criança. Uma criança inocente. Sua criança. Ele não a condenou por nada, pelo contrário a compreendeu e a amou! Ele lhe disse que ela era especial... como nenhuma outra e que ela tinha talentos especiais como nenhuma outra. Ele .... e agradou-se nela enquanto falava. Ele foi tão gentil e amável que ela não pode evitar derreter-se em seus braços.

Isso está disponível. Essa é a oferta de nosso Salvador – curar nossos corações partidos. Ir àqueles lugares mais novos dentro de nós e nos encontrar lá, nos tomar em seus braços, nos trazer para casa. Chegou a hora de deixar que Jesus te cure.

Jesus, venha a mim e cure meu coração. Venha aos lugares desolados dentro de mim. Venha até aquela garotinha que foi ferida. Venha e me tome em seus braços, e me cure. Faça para mim o que você prometeu que faria – cure meu coração partido e me liberte.

Peça-lhe para destruir seus inimigos

Em uma bela passagem de Isaías 61, Deus promete “liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos” (v. 1). Ele vem apregoar “vingança” contra nossos inimigos (v. 2). Nossas feridas, nossos votos, e os acordos que fizemos com as mensagens, tudo dá terreno para o Inimigo em nossas vidas. Paulo nos alerta sobre isso em Efésios 4, quando ele diz – escrevendo para os cristãos - “não deis lugar ao Diabo” (v. 27). Há coisas com que você teve que lutar em toda sua vida – dúvidas sobre si mesma, raiva, depressão, vergonha, vício, medo. Você provavelmente pensou que fossem por sua culpa, também.
Mas elas não são. Elas vieram do Inimigo que queria prender seu coração, fazer de você uma prisioneira da escuridão. Para ter certeza, nós obedecemos. Nós permitimos que essas fortalezas se formem quando lidamos mal com nossas feridas e fizemos aqueles votos. Mas Jesus nos perdoou de tudo isso, e agora ele quer nos libertar.
Peça-lhe que destrua seus inimigos. Ele prometeu fazer, afinal. Peça a Jesus que liberte seu coração do cativeiro dessas coisas.

Jesus, venha resgatar-me. Liberte-me [você sabe do que precisa ser libertada, nomeie-a]. Liberte-me da escuridão. Traga sua vingança sobre meus inimigos. Eu os rejeito e te peço que os leve a julgamento. Liberte meu coração.

Deixe Ele ser seu pai

Então, ele foi a Sara na salinha de estar e eles se despediram. Sara sentou-se em seus joelhos e segurou na gola do casaco dele com suas pequenas mãos e olhou sua face por muito tempo.
- Você está me conhecendo pelo coração, pequena Sara? Perguntou ele, acariciando os cabelos dela.
- Não, ela respondeu. Eu te conheço de coração. Você está dentro do meu coração.
E eles colocaram seus braços em volta um do outro e se beijaram, como se nunca fossem deixar o outro ir embora (Frances Hodgoson Burnett, A Princesinha).
Essa história preciosa toca algo profundo no coração de pequenas garotas – e de mulheres. Toda menininha foi criada para viver em um mundo com um pai que a ama incondicionalmente. Ela aprende quem Deus é, como Ele é, como Ele sente sobre ela de seu pai terreno primeiro. Deus é “nosso Pai, que está nos céus”. Inicialmente, Ele quer se revelar a suas filhas e filhos através do amor de nossos pais. Nós fomos feitos para conhecer o amor de pai, ser guardado nesse amor, ser protegido por ele, e florescer ali.
Eu (Stasi) ouvi muitas vezes que o que nós primeiro acreditamos sobre Deus, o Pai, vem diretamente do que nós sabemos e experimentamos de nossos pais terrenos. Ouvi isso pela primeira vez de um púlpito quando era uma jovem cristã e em meu típico, educável modo, pensei, “que estúpido”. Não que o pastor fosse estúpido, mas que a idéia em si era ridícula. Claro, meu próprio pai não era Deus. Todo mundo sabia disso. Mas depois, quando ouvia outras mulheres falar do Deus Pai, freqüentemente ouvia em suas vozes uma suavidade, uma ternura, talvez até uma criancice que era estranha para mim. Quando eu comecei a ouvir outros orando ao “papai”, eu soube que eles estavam falando com “alguém” que eu não conhecia.
Eu nunca chamei meu próprio pai de “papai”. “Papai” era como os pais eram chamados nos filmes. Muitos de nós crescemos em lares onde o termo correto para tratar o pai era “senhor”. Intimidade e dependência com um pai que raramente estava em casa – e emocionalmente ausente quando presente – era impossível pra mim. Lembre-se – ele não queria me conhecer. Eu era uma decepção para ele.
Cheguei no ponto de compreender que o que aquele pastor estava me dizendo anos atrás era verdade. Eu estava vendo meu Pai Celestial através das lentes das minhas experiências com meu próprio pai. E para mim, isso significava que meu Pai Celestial era distante, indiferente, indisponível, difícil de agradar, facilmente desapontado, pronto para se irar, e muitas vezes difícil de prever. Eu queria agradá-lo, isso é verdade. Mas, já que para mim Deus era difícil de compreender e nem um pouco convidativo, meu relacionamento com Deus estava centralizado no meu relacionamento com Seu Filho. Jesus gostava de mim. Não tinha tanta certeza se Seu Pai gostava.
Depois de anos de vida cristã, comecei a sentir fome de conhecer Deus mais profundamente como meu Pai. Pedi-lhe que se revelasse a mim como meu papai. Em resposta, Deus me convidou para uma jornada no meu profundo coração, que tomou rumos surpreendentes e ainda continua. Primeiro, Deus me levou a olhar mais de perto para meu pai. Quem ele realmente era? O que ele realmente sentia por mim? Do que eu me lembrava? Deus me convidou para ir com ele nos lugares profundos do meu coração que estavam escondidos e feridos e sangrando ainda das mágoas que recebi das mãos do meu pai. Lugares que eu não queria ir. Lembranças que eu não queria reviver. Emoções que eu não queria sentir. A única razão que me fez aceitar o convite de Deus, e que me faria viajar até lá, foi porque eu sabia que Ele iria comigo. De mãos dadas. Ele seguraria meu coração. E eu confiei no dele.
Existe uma parte essencial no nosso coração que foi feita para o Papai. Feita para seu amor forte e carinhoso. Essa parte ainda existe, e está ansiando. Abra-a para Jesus e para seu Deus Pai. Peça-lhe que venha e a ame lá, encontre-a lá. Tentamos com tanto afinco encontrar satisfação desse amor nas outras pessoas, e nunca, nunca funciona. Vamos dar esse tesouro de volta para Aquele que pode nos amar melhor.

Pai, eu preciso do seu amor. Venha ao cerne do meu coração. Venha e traga seu amor para mim. Ajude-me a conhecê-lo por quem você realmente é – não como eu vejo meu pai terreno. Revela-se a mim. Revela seu amor por mim. Diga-me o que eu significo para você. Venha e seja meu pai.

Peça a Ele que responda sua pergunta

Os que leram “A Princesinha” de Frances Hodgson Burnett vão se lembrar que a vida não era muito boa para Sara. No meio da festa do seu décimo primeiro aniversário, chega a notícia na escola que seu amado papai havia falecido. Sua fortuna foi confiscada, e sua filha ficou pobre. Sem ter como pagar por sua educação particular, Sara foi humilhada, obrigada a trabalhar, tratada com crueldade, e teve que dormir num sótão abandonado.
Mas o amor que o pai de Sara derramou no seu coração tinha causado um impacto duradouro. Pobre, desolada, e mal tratada, Sara tinha um coração de ouro. E disse a si mesma: “Nada do que acontecer pode mudar uma coisa. Se eu sou uma princesa vestida de trapos, posso ser uma princesa por dentro. Seria fácil ser uma princesa se eu estivesse com vestes de ouro, mas é um triunfo muito maior ser uma o tempo todo, quando ninguém mais sabe disso”.
Como se chega a uma convicção como essa? Você leva a Pergunta mais profunda do seu coração para Deus. Você ainda tem um Pergunta, minha querida. Todas nós temos. Todas nós ainda precisamos saber se Você me vê? Eu sou cativante? Eu tenho uma beleza só minha?
Ano passado percebi que essa pergunta ainda precisava de uma resposta no coração da Staci. Um dia saímos para celebrar nosso aniversário de casamento. Num certo momento da noite, eu disse: “Você era uma criança linda”. Ela me olhou como se dissesse “não minta para mim!”. “Você nunca soube disso?” Uma pausa longa. “Não”. “Oh, querida – você não sabia?” Eu vi as fotos. Eu vi relances da beleza que ela tinha. Mas a vida escreveu uma mensagem diferente em seu coração. Então, eu a incentivei: “Você deve perguntar a Deus o que ele viu. Leve isso para ele”.
Poderíamos contar tantas histórias lindas de mulheres que receberam de Deus a resposta de suas Perguntas. Como uma jovem amiga nossa, Kim, ansiava por ser uma princesa que estava sendo resgatada nas brincadeiras de crianças. “Mas a menina que morava no final da rua era mais bonitinha do que eu. Ela era uma Barbie. Então eu tinha que ficar com os meninos, lutar contra o dragão e resgatá-la. Eu nunca fui a Bela”. Lágrimas vieram com essa história – lágrimas jovens, que nunca haviam chorado por isso. Foi bom finalmente deixá-las sair. “Kim, vou dizer o que quero que você faça. Quero que você peça a Jesus para mostrá-la sua beleza”. “Eu posso fazer isso?” disse ela. “Quer dizer, tudo bem se eu fizer isso? Ele faria isso por mim?”
Ela voltou dois meses depois sorrindo como se tivesse um grande segredo para contar. Sua face brilhava. Ela nos contou que Jesus tinha vindo. Ele revelou a beleza dela – unicamente dela – de várias maneiras. Mais de duzentas. “Tem sido incrível. Estou começando a acreditar que sou bonita”.
Há poucas semanas atrás eu estava conversando com nossa amiga Debbie; seu pai teve um caso e ela passa muito tempo e gastava muita energia tentando “consertar” o que estava de errado com ela. “Será que é possível que você tem uma beleza genuína e cativante que é desfigurada somente por esse esforço?” Ela se recostou na cadeira e suspirou enquanto refletia nesse pensamento. Alguma coisa suavizou. De repente ela estava leve, e linda. O véu foi rasgado, e lá estava ela – uma linda mulher. A resignação foi embora; a ansiedade e a dor foram embora. Ela, por um momento, descansou. “O que seu coração faz com essa possibilidade?” Uma pausa momentânea. “Duas coisas surgem em mim,” disse ela. “Viva!” e “Droga!” Eu sorri diante de sua honestidade. “’Viva’ pela grande probabilidade de isso ser verdade, e ‘droga’ por ter feito isso todos esses anos”.
Vamos começar com um pensamento. E se a mensagem dada pelas suas feridas simplesmente não são verdades sobre você? Deixa esse pensamento entrar. Não era verdade. Para o quê isso te liberta? Para chorar? Regozijar? Abandonar? Sair? Ter seu coração de volta? Aqui está a experiência de uma mulher:

Mesmo sendo bem “sucedida” em muitas áreas, sempre me senti envergonhada pela ausência da feminilidade definida pelo mundo. Perguntar a Deus o que ele achava de mim como uma mulher era mais que angustiante. Eu lutei com ele até o fim. Eu sabia na minha mente que ele não seria maldoso, mas eu estava convencida de tinha falhado miseravelmente nesse departamento...Quando finalmente me permiti ouvir Deus dizer um novo nome, o que eu ouvi foi Graça. E a mentira de “masculina demais e feminina de menos” se despedaçou em segundos. Ele me adorna com sua Graça, Ele me adorna com seu amor. E eu sou satisfeita (Sl 103).

Leve sua Pergunta para Jesus. Peça-lhe que mostre sua beleza. E depois? Deixe-o ser Romântico com você.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Cap.05 - Um ódio em especial

A tempestade já passou. E Stasi está chorando. Ela tinha colocado tanto amor e carinho naquele jardim durante anos. Muitas muitas horas dedicadas amorosamente para criar um lugar de beleza marcante. Escolhas especiais foram feitas; sementes transplantadas com cuidado; fertilizadas. Ela as podou, aguou e protegeu contra as pragas. Ela retirou plantas, colocou-as em outro lugar, procurando o melhor local para cada uma delas. O resultado final foi esplêndido. As pessoas andavam perto de nossa calçada, paravam e admiravam – era muito bonito. Rosas selvagens, Lavanda e Esporas-bravas, gramado, Margaridas Shasta – mais cores e texturas do que eu sou capaz de descrever. Um lugar para descansar e se aconchegar, um refúgio do mundo. Um pedaço do Éden.
Até ontem à noite.
A tempestade de granizo começou por volta das seis da tarde. No início, não parecia ameaçadora. O verão trás algumas chuvas de granizo todo ano nas Montanhas Rochosas, pedras do tamanho de ervilhas, com duração de dez minutos somente. A tempestade desta vez começou com pedras do tamanho de bolas de gude; após 15 minutos eram do tamanho de bolas de golfe, caindo como se toda a enchente de Noé tivesse virado gelo. Choveu durante quarenta minutos, sem descanso, arrancando galhos das árvores, tornando lixo todas às coisas vivas, como uma praga do Antigo Testamento. E quando a chuva finalmente passou para o outro lado da montanha o jardim de Stasi estava destruído.
Eu fiquei olhando para fora da janela em choque e com pesar. O verão é tão curto aqui; são só poucos meses para aproveitar as flores e o verde. Mas isto – isto era um abuso. Beauty ravaged beyond recognition. Enquanto conversávamos sobre a devastação, nós dois voltamos nosso pensamento... para Eva. Esta ruína de um jardim é uma ilustração, uma metáfora terrivelmente condizente com o que aconteceu à Coroa da Criação. Quão maior a dor e quão maior a perda quando falamos da vida e do coração de uma mulher.
Sim, as mulheres foram destituídas da graça. Sim, elas foram feridas. Mas para entender as dúvidas permanentes do seu coração a respeito da sua feminilidade, para entender por que é tão raro encontrar uma mulher verdadeiramente viva e vibrante, você deve ouvir um pouco mais sobre a história.

Um abuso maior

Quando eu era uma adolescente – uma menina virando mulher – eu tinha praticamente me divorciado da minha família. Minha irmã mais velha havia se mudado para a Europa (Ela tinha ido passar férias de três meses e acabou ficando por lá durante sete anos. Acho que isto pode te dizer algo sobre como minha vida em casa era.). Meu irmão havia se mudado também, assim como também o havia feito minha outra irmã. Eu sobrei em casa para terminar o colégio. Meus pais começaram a me dar um pouco da atenção eu tanto queria quando era uma criança, mas era muito tarde. Meu coração já tinha examinado a situação. Ele estava muito bem escondido. Diante deles eu vivia como uma “boa aluna”. Fora de vista, eu vivia uma vida bem diferente.
Eu usava álcool e drogas para adormecer a dor das minhas feridas. E, como muitas outras garotas cujos corações foram ignorados ou intencionalmente feridos por seus pais fazem, eu procurei os garotos, e depois os homens para me apaixonar. Pelo menos, eu me convencia, eu era desejada por algo, nem que fosse só por uma noite.
Eu fui à Europa no meu último ano de faculdade. Fiquei apaixonada pela beleza, assim como minha liberdade sem fronteiras que experimentei lá. Mas mulher um jovem, rebelde e imatura, com tickets para trens europeus e um coração sangrando atraía uma atenção cruel. Enquanto viajava pela Itália, fui abusada sexualmente e, apesar de estar furiosa com o homem, no fundo do meu coração eu sentia que merecia o assédio de alguma forma. Eu acreditava que tinha trazido isto a mim mesma. Eu havia concordado com o inimigo da minha alma que eu era uma pessoa horrorosa, que eu merecia somente a dor. Mais tarde, no sul da França, eu me coloquei em uma situação perigosa sem querer. Após vários drinks em um bar da cidade, uma amiga e eu aceitamos uma carona de volta para o hotel de uns homens com quem estávamos bebendo. Você deve estar balançando sua cabeça enquanto lê isso, sabendo o que está por vir. Eu estou. A carona oferecida por eles não nos levou de volta para o hotel, mas a um local privado onde eu fui estuprada.
Entrei em estado de choque após o assédio. Eu me lembro de descobrir novos hematomas e arranhões com certa descrença. Mas eu não estava com raiva, estava apavorada. Eu me sentia indignada com os violadores – mas, profundamente, certa vergonha e nojo de mim mesma. Eu queria ser uma boa mulher. Queria ser uma mulher valiosa. Queria ser uma mulher forte. Mas não sentia nada do tipo. Eu havia comprado e usava um colar que amava. Era o símbolo feminino com um punho cerrado no meio. Eu estava usando o colar como uma feminista convicta para mostrar minha independência e força – e eu acabei me escondi no quarto do hotel. Estava apavorada pelos homens e por minha beleza. A beleza era perigosa. Eu acreditava que havia atraído os assédios; isso me causou uma dor impronunciável e, com ela, como muitas mulheres sabem uma vergonha que não cessa.
Quando voltei para a escola, contei ao meu namorado o que havia acontecido. A resposta dele foi: “Você provavelmente mereceu isto.” Nós tínhamos como você pode ver um relacionamento abusivo. Ele era verbalmente agressivo e nervoso. Eu não recebia compaixão dele, nenhuma palavra de conforto. Ele não estava nem um pouco bravo com as pessoas que me abusaram. A mensagem das feridas da minha infância foram dolorosamente reforçadas. Esconda seu coração. Você é um desapontamento. Você não vale nada. Ninguém se importa. Você está só.
Se você ouvir atentamente a estória de qualquer mulher, ouvirá um tema: o abuso em seu coração. Isto pode ser óbvio nas estórias de abuso físico, verbal ou sexual. Ou pode ser mais sutil, a indiferença de um mundo que se não se importa com ela, mas a usa até que ela esteja completamente sugada. Quarenta anos de negligência também trazem danos ao coração de uma mulher, caros amigos. Nos dois casos, as feridas continuam a surgir muito tempo depois de termos “crescido”, mas todas elas parecem falar a mesma coisa. Nossa Questão é respondida diversas vezes durante nossas vidas, a mensagem dirigida ao nosso coração como uma lança.
Melissa é a garota da qual nós falamos, cuja mãe a espancava. Ela eventualmente saiu de casa aos 19 anos.
“Eu me casei com um homem que estava se tornando um jovem pastor. Eu achava que teria que me casar com ele, já que eu era tão repugnante e nunca teria outra chance. Ninguém mais me queria. Eu era virgem quando me casei e me dei ao meu marido como minha maior oferta. Na manhã seguinte ao nosso casamento, eu rolei para perto do meu marido e comecei a beijá-lo. Ele me empurrou para o lado e disse não estar no clima. Depois da noite do nosso casamento nós não fizemos amor novamente por uma semana. Ele não me tocava e não parecia nem um pouco interessado em mim. Eu fiquei devastada. E, mais uma vez, minha Questão foi respondida da mesma forma.”
Como mulheres, temos a tendência de sentir que “o problema deve ser eu”. Esse é o efeito das nossas feridas anteriores. “Alguma coisa está muito errada comigo.” Tantas mulheres se sentem da mesma forma. (Porque estamos trabalhando tão duro para melhorarmos a nós mesmas? Ou porque ficamos tão ocupadas para que os problemas do nosso coração nunca venham à superfície?) Também sentimos que estamos essencialmente sozinhas. E de, alguma forma, essas duas coisas estão relacionadas. Acreditamos estar sozinhas porque não somos as mulheres que deveríamos ser.
Não nos sentimos dignas de amor. Então penduramos uma placa de “não perturbe” em nossas personalidades, mandamos uma mensagem de “se afaste” ao mundo. Ou procuramos amor desesperadamente, perdendo todo nosso auto-respeito em uma promiscuidade emocional e física. Não sentimos que somos insubstituíveis, então tentamos nos tornar úteis. Não acreditamos que somos bonitas, então nos esforçamos para sermos bonitas externamente ou deixamos “que nós mesmas nos perdamos” e nos escondemos por trás de uma pessoa nada atrativa. Esforçamos de muitas formas para proteger nossos corações de dores que podem surgir.

O que está realmente acontecendo aqui?

“Eu estava dormindo quando o ataque em Disa começou. Fui levada por atacadores, todos vestindo uniforme. Eles levaram dúzias de outras garotas e nos fizeram andar por três horas. Durante o dia, apanhávamos e eles nos diziam ‘Você, a preta, nós vamos te exterminar, você não tem nenhum deus’. Durante a noite, éramos estupradas diversas vezes. Os árabes nos guardavam com armas e não nós recebemos comida por três dias.” (Mulher do Sudão, citada na reportagem Anistia Internacional).

A estória do tratamento das mulheres durante os séculos não é uma história nobre. Existem momentos nobres nela, com certeza, mas vista como um todo, mulheres passaram por algo que parece ser um ódio em especial desde que deixamos o Éden. A estória que acabamos de citar é somente uma de milhares, não só do Sudão, mas de muitos países destruídos pelas guerras. Abuso sexual é muito comum nestas guerras ‘civis’. Agora, os dias de Stasi como militante passaram há muito. O que você faz a respeito degradação, do abuso que mulheres pelo mundo já sofreram e sofrem agora?
Até setenta anos atrás, menininhas nascidas na China que não eram deixadas na estrada para morrerem, normalmente tinham seus pés atados para que eles ficassem pequenos. Pés pequenos era sinal de beleza feminina e eram valorizados pelos futuros-maridos. Elas eram aleijadas, o que era provavelmente a outra razão pela quais os homens gostavam dos pés daquele jeito. As mulheres tinham seus pés atados quando criança e agüentavam toda aquela dor durante a vida toda, impossibilitadas e andarem livremente ou com rapidez. Apesar de a prática ter sido extinta pela lei em 1930, continuou sendo feita por muitos anos depois disso.
Você deve saber que durante os milhares de anos que a história dos Judeus foi registrada no Antigo Testamento, as mulheres Judias eram consideradas propriedade, sem direitos legais (assim como o foram e são em muitas outras culturas). Não era permitido a elas estudar a Lei ou educar formalmente seus filhos. Elas tinham um espaço segregado nas sinagogas. Era uma prática comum para um Judeu falar em suas orações diárias ‘Obrigado, Deus, por não me fazer um gentio, uma mulher ou um escravo’.
Um provérbio Chinês diz que “uma mulher deve ser como água; ela não deve ter forma nem voz”. Um provérbio Indiano diz, “educar uma mulher é como aguar o jardim do seu vizinho”, querendo dizer, claro, que educar uma mulher é tanto estúpido quanto uma perda de tempo. No Hinduísmo, uma mulher tem menos valor que uma vaca. No Islamismo, uma mulher requer três homens para verificar sua estória no tribunal para que seu testamento seja validado. Seu testemunho, seu valor, é um terço dos de um homem.
A estória vai além da renúncia à educação e aos direitos legais. Clitoridectomia é a remoção, ou circuncisão, do clitóris. Uma prática dolorosa e horrível, a mutilação da genitália feminina continua a existir nos dias de hoje e é feita em meninas quando atingem a idade de cinco anos. Feita principalmente na África, a cirurgia normalmente acontece na selva, com o uso de uma pedra afiada. Infecções são comuns. Às vezes a menina morre. A mulher fica para sempre marcada, e nunca poderá desfrutar do prazer sexual – e este é o problema. Uma mulher sexualmente consciente é considerada perigosa. Feminilidade deve ser controlada.
Violência sexual contra mulheres tem um número crescente por todo o mundo. O mesmo acontece com a violência contra meninas. Mais de um milhão de meninas são vendidas para o mercado do sexo todo ano. Deus querido – de onde vem esse abuso sistêmico, muitas vezes brutal, quase universal à feminilidade? De onde vem tudo isso? Não comenta o erro de dizer que “os homens são o inimigo”. Certamente os homens tiveram uma mãozinha nisto tudo e terão a chance de reconhecê-lo diante do Criador. Mas você não entenderá esta estória – ou a sua estória – até que comece a ver algumas forças agindo por trás disso e dê uma olhada em seus motivos.
De onde vem esse ódio pelas mulheres, visto em todo o mundo? Porque é tão diabólico?

Um ódio em especial

“Pois nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo das trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.” (Efésios 6:12)
O abuso à feminilidade – sua longa história – não pode ser entendido separadamente das forças espirituais nas quais somos advertidos nas Escrituras. Não estamos dizendo que homens (e mulheres, pois elas, também, abusam de mulheres) não têm nenhuma responsabilidade na forma com que tratam as mulheres. Nada disso. Estamos simplesmente dizendo que nenhuma explicação sobre o abuso de Eva e suas filhas é suficiente a menos que abra seus olhos para o Príncipe das Trevas e seu ódio especial pela feminilidade.
Volte sua atenção para os eventos que ocorreram no Jardim do Éden. Perceba – atrás de quem o mal vai? Quem Satanás escolhe para seu golpe contra a raça humana? Ele poderia ter escolhido Adão... mas não o fez. Satanás foi atrás de Eva. Ele colocou seus olhos nela. Você já se perguntou por quê? Pode ter sido porque ele, como todo predador, escolheu o que achava ser o mais fraco dos dois. Existe alguma verdade nisso. Mas acreditamos que há mais. Porque Satanás faz de Eva o foco de seu abuso à humanidade?
Você deve saber que Satanás era chamado Lúcifer, ou filho da manhã. Esse nome incorpora glória, brilho, uma radiação única. Nos dias de sua glória, ele foi escolhido anjo-da-guarda. Muitos acreditavam que ele era o capitão do exército de anjos de Deus. O guardião da glória do Senhor.

“Filho do Homem, erga um lamento a respeito do rei de Tiro e diga-lhe: Assim diz o Soberano, o Senhor:
‘Você era modelo da perfeição,
cheio da sabedoria
e da perfeita beleza.
Você estava no Éden,
no jardim de Deus;
todas as pedras preciosas o enfeitavam:
sárdio, topázio e diamante,
berilo, ônix e jaspe,
safira, carbúnculo e esmeralda.
Seus engates e guarnições
Eram feitos de ouro;
Tudo foi preparado
No dia em que você foi criado.
Você foi ungido
Como um querubim guardião,
Pois para isso eu o designei.
Você estava no monte Santo de Deus
e caminhava.” (Ezequiel 28:12-14)

Perfeita beleza. Essa é a chave. Lúcifer era maravilhoso. Ele era de tirar o fôlego. E esta foi à ruína para ele. Orgulho entrou no coração de Lúcifer. O anjo começou a acreditar que estava sendo traído de alguma forma. Ele queria ser louvado que estava sendo dado a Deus. Ele não queria ter um mero papel na estória; ele queria que a estória fosse sobre ele. Ele queria ser uma estrela. Ele queria atenção, a adoração para ele próprio. (“Espelho, espelho meu...”)

“Seu coração tornou-se orgulhoso
por causa da sua beleza,
e você corrompeu sua sabedoria
por causa do seu esplendor.
Por isso eu o atirei a terra;
Fiz de você um espetáculo
Para os reis.” (Ezequiel 28:17)

Satanás caiu por causa da beleza. Agora seu coração vingativo quer abusar da beleza. Ele destrói a beleza no mundo natural em todos os lugares possíveis. Minas, derramamento de óleo, incêndios, Chernobyl. Ele espalha destruição na glória de Deus na terra como um psicopata destruindo incríveis trabalhos de arte.
Mas, especialmente, ele odeia Eva.
Porque ela é cativante, unicamente gloriosa, o que ele não pode mais ser. Ela é a encarnação da beleza de Deus. Mais do que qualquer coisa na Criação, ela personifica a glória de Deus. Ela convida o mundo a Deus. Ele odeia Eva com tanta inveja que só é possível de imaginar.
E tem mais. Satanás também odeia Eva porque ela dá vida. Mulheres dão à luz, não homens. Mulheres amamentam vidas. E elas também levam vida para o mundo mentalmente, relacionalmente e espiritualmente – em tudo o que elas tocam. Satanás é um assassino desde o começo (João 8:44). Ele traz morte. Seu reino é o da morte. Rituais de sacrifício, genocídio, o Holocausto, aborto – essas são as idéias dele. E Eva é a maior ameaça humana, pois ela leva vida em si. Ela é uma salva-vidas e uma doadora de vida. Eva significa “vida” ou “produtora de vida”. “Adão deu à sua mulher o nome de Eva, pois ela seria mãe de toda a humanidade” (Gen. 3:20).
Coloque todas essas coisas juntas – o fato de Eva escarnar a beleza de Deus e dar vida ao mundo. O coração amargo de Satanás não pode agüentar. Ela abusa dela com um ódio especial. A história tira todas as dúvidas sobre isso. Você está começando a perceber?
Pense nas grandes estórias – em quase todas, o vilão vai atrás do grande amor do Herói. Ele volta seus olhos para a beleza. Magua vai atrás de Cora em “O Último dos Moicanos”. Longshanks vai atrás de Murron em “Coração Valente”. Commodus vai atrás da mulher de Maximus em “Gladiador”. A bruxa ataca a bela adormecida. As irmãs atacam Cinderela. Satanás vai atrás de Eva.
Isto explica muita coisa. Não é para te assustar. Na verdade, isto trará muita luz para a estória da sua vida, se você permitir. A maioria de vocês já pensou que coisas que lhe aconteceram era sua culpa – que você merecia. Se você fosse mais bonita ou mais inteligente, ou tivesse feito mais ou agradado a eles, de alguma forma não teria acontecido. Você teria sido amada. Eles não teriam te machucado.
E a maioria de vocês está vivendo com o fardo de que, de algum jeito, a culpa é sua se você não está sendo profundamente querida agora. Que você não tem um papel importante em uma grande aventura. Que você não tem beleza para revelar. A mensagem das nossas feridas é sempre “Isto é por sua causa. Isto é o que você merece”. Tudo muda quando perceber que é porque você é gloriosa que estas coisas acontecem. É porque você é uma grande ameaça ao reino das trevas. Porque você carrega a glória de Deus unicamente.
Você é odiada por causa de sua beleza e poder.

Em um nível humano

Eu (John) tenho uma confissão a fazer: eu não queria ser co-autor deste livro. Ah, sim, eu achava que deveria ser escrito. Precisava ser escrito. Eu só não queria ser a pessoa a fazê-lo. Eu sabia que isto iria requerer de eu entrar no mundo das mulheres – e no mundo da minha mulher – eu um nível muito mais profundo do que a vida diária me pede. Fazer justiça a um livro para mulheres iria requerer de eu ir muito mais profundo, escutar mais atentamente, estudar, mergulhar no mistério (okay – uma grande bagunça) da mente de uma mulher. Parte de mim não queria ir lá. Eu tive o que pareceu mais uma reação alérgica. Para trás. Afaste-se.
Eu estava muito consciente de tudo isso acontecendo dentro de mim, e me senti um idiota. Mas eu também sabia o bastante sobre mim e sobre a batalha que tenho quando o assunto é o coração das mulheres. O que é esta coisa em mim – e na maioria dos homens – que não quer ir fundo no mundo das mulheres? Você é demais. Muito difícil. Dá muito trabalho. Homens são mais simples. Fáceis. Não é essa mesma mensagem que você recebeu sua vida inteira como mulher? “Você é muito. Você não é o bastante. Você não vale meu esforço.” (E porque é um esforço tão grande? Deve haver algo de errado com você).
Agora, parte da relutância fundamental de um homem para mergulhar no mundo de uma mulher vem do maior medo do homem: falha. Ah, ele faz uma piadinha sobre “as diferenças entre homens e mulheres”, Marte e Vênus e tudo aquilo. Mas a verdade é: ele está com medo. Ele teme que, ao entrar no mundo de uma mulher, ele não terá o que é suficiente para ajudá-la. Isto é pecado. Isto é covardice. E por causa da vergonha dela, a maioria dos homens escapa disso. A maioria dos casamentos (e namoros de longa duração) chega a esse tipo de acomodação. “Não vou chegar mais perto. Isto é o mais longe que eu espero ir. Mas, não vou te deixar, eu tenho que te fazer feliz.” E então acontece este tipo de acordo cordial de viver somente junto.
O efeito disso é que a maioria das mulheres se sente sozinha.
Boa parte disso é simplesmente egoísmo da parte do homem. Deus sabe o quanto os homens são egoístas e auto-centrados. Quando Eva foi ‘abusada’ pela primeira vez, Adão não a defendeu. O pecado dos homens através da violência ou da passividade. É simples assim.... e horrível.
Mas tem outra coisa. Existe mais maldade trabalhando aí. Tivemos uma reunião incrível alguns meses atrás que foi – para mim pelo menos – uma surpresa desvendada desse mistério.
Stasi e eu nos reunimos com homens e mulheres do nosso ministério que fariam o retiro dos homens e das mulheres. O time dos homens queria oferecer seu conselho e apoio e oração para o para o evento das mulheres que estava por vir. Era a chance das mulheres – e todas elas são mulheres muito, muito incríveis – de abrir seus corações para nós e falar de como as coisas estavam indo.
Nossa reunião passou rapidamente de questões externas – quanto tempo as palestras durariam e como seria a logística dos retiros – para o mundo interno do próprio time das mulheres. Assim que começamos a conversar mais intimamente, algo começou a acontecer comigo. Uma sensação, uma inexplicável, mas forte impressão.

Afaste-se.

Foi isso que eu senti. Ninguém disso isso; nada que eles estavam fazendo levou a isso; não foi uma voz na minha cabeça. Só uma impressão muito forte. Eu não estava certo de onde estava vindo, mas esta relutância forte, este sentimento de “talvez não devêssemos ir a fundo com isso” estava crescendo em mim, ou me cobrindo, cada vez que a nós íamos mais e mais fundo nas vidas delas. A cada passo que dávamos em direção ao coração delas, eu sentia isso mais forte, queria acabar com a conversa, escapar, sair dali. Observando com cuidado, eu vi que esta questão era algo muito grande para mim.
Eu sabia que, como homem, este não era meu desejo verdadeiro para o coração das mulheres. Eu as amo. Eu quero lutar por elas. Eu sabia também que aquilo não era o desejo do coração delas. Então eu interrompi o fluxo da conversa com o que pareceu uma questão sem nexo para as mulheres: “Vocês se sentem sozinhas nisso?” Silêncio. Depois, lágrimas, muitas lágrimas de lugares profundos no coração de cada uma delas. “Sim”, todas elas disseram. “Sentimos sim”. Mas eu sabia que era muito maior do que somente os retiros. “Vocês sentem o mesmo em suas vidas também, quero dizer, genericamente, enquanto mulher?” “Sim, absolutamente. Eu me sinto sozinha a maior parte do tempo.”.
Agora, você deve entender que cada uma dessas mulheres tem relacionamentos profundos e significativos em suas vidas. Eu sabia que, se elas se sentiam sozinhas, meu Deus, o que sentiriam outras mulheres? E esta mensagem de afaste-se – se nós sentimos isso após anos de luta por elas, o que deveriam sentir os outros homens? Eu aposto que eles só não identificaram isto ou colocaram em palavras, mas garanto que já sentiram o mesmo... e provavelmente acharam que era só o que eles, ou suas mulheres, ou ambos queriam.
Afaste-se ou deixe-a em paz ou você não quer mesmo ir até lá – ela vai ser mais do que você pode agüentar são coisas que Satanás armou contra cada mulher desde o dia em que elas nasceram. É emocional ou espiritualmente equivalente a deixar uma garotinha a beira da estrada para morrer. Para cada mulher ele sussurrou: “Você está sozinha” ou “Quando você entender quem você realmente é você ficará sozinha” ou “Ninguém nunca virá por você”.
Pare um momento. Acalme seu coração e se pergunte, “Será que isto é algo em que acreditei, temi, convivi?”. A maioria das mulheres não só temem ser abandonadas pelos homens em suas vidas – elas temem o mesmo de outras mulheres também. Que elas serão abandonadas por suas amigas, deixadas sozinhas. È hora de revelar esta ameaça, este medo, esta mentira terrível.
Estou lembrando de uma cena de “As Duas Torres”, o segundo filme da trilogia de “Senhor dos Anéis”. Acontece na terra de Rohan, no corredor do rei, nos aposentos da adorável Éowyn. Ela é a sobrinha do rei, a única mulher na corte. Seu primo querido, Théodred, o filho do rei, tinha acabado de morrer das feridas causadas em uma batalha. Ela chorava a perda dele quando Wormtongue – suposto conselheiro do rei, mas uma criatura má – entra em seus aposentos e lança seu feitiço.

WORMTONGUE: Ó. ele deve ter morrido durante a noite. Que tragédia para o rei perder seu único filho e herdeiro. Eu entendo que sua morte seja difícil de aceitar. Especialmente agora que seu irmão te desertou. (Wormtongue tinha providenciado tudo para que ele fosse banido).

ÉOWYN: Deixe-me sozinha, sua cobra!

WORMTONGUE: Oh, mas você está só. Quem sabe o que você tem falado as trevas vê sua vida se encolher, os seus muros se fechando. Uma coisa selvagem, corrida. (Ele pega a face dela em suas mãos). Tão bela.....tão fria. Como uma manhã pálida, ainda se prendendo ao frio do inverno.

ÉOWYN: (Finalmente se afastando dele). Suas palavras são veneno.

Oh, mas você está sozinha. Essa é a atitude do mal diante de você. Ele brinca com o maior medo da mulher: abandono. Ele arranja tudo para que ela seja abandonada, e ele coloca suas mãos em cada evento para que possa parecer abandono.

Existe Esperança

Eu não estou livrando os homens. Deus sabe que nós temos muitas coisas pelas quais devemos nos arrepender. Eu estou dizendo que você não vai começar a entender o longo abuso à feminilidade, nas mulheres, até que você veja isto como parte de algo muito maior. A força mais irada que o mundo já conheceu. O Inimigo carrega um ódio especial por Eva. Se você acredita que ele tem algum papel na história deste mundo, você não pode deixar de ver isso.
O Mal tem uma mãozinha em tudo que já aconteceu a você. Se ele não preparou tudo diretamente – e, certamente, o pecado humano tem uma grande responsabilidade nisto – então ele se certificou de que as mensagens das suas feridas fossem para o seu coração. Ele é a quem te ameaça com vergonha, dúvidas de quem você é, acusação. Ele é quem te oferece o falso conforto para aprofundar sua atadura. Ele é quem fez essas coisas a você para barrar sua restauração. Pois é isso que ele teme. Ele teme quem você é; o que você é; o que você pode se tornar. Ele teme sua beleza e seu coração doador de vida.
Agora escute a voz do sei Rei. Este é o coração de Deus para você:


Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não descansarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação como uma tocha acesa.
E as nações verão a tua justiça, e todos os reis a tua glória; e chamar-te-ão por um nome novo, que a boca do Senhor designará.
Também serás uma coroa de adorno na mão do Senhor, e um diadema real na mão do teu Deus. Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se denominará Desolada; mas chamar-te-ão Hefzibá, e a tua terra Beulá; porque o Senhor se agrada de ti; e a tua terra se casará.
Pois como o mancebo se casa com a donzela, assim teus filhos se casarão contigo; e, como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus. (Isaías 62:1-5)



Portanto todos os que te devoram serão devorados, e todos os teus adversários irão, todos eles, para o cativeiro; e os que te roubam serão roubados, e a todos os que te saqueiam entregarei ao saque.
Pois te restaurarei a saúde e te sararei as feridas, diz o Senhor; porque te chamaram a repudiada, dizendo: É Sião, ao qual já ninguém procura.
(Jeremias 30:16-17)

Você não entenderá mesmo sua vida como mulher enquanto não entender isto:
Você é apaixonadamente amada pelo Deus do universo.
Você é apaixonadamente odiada pelo Inimigo.

E assim, querido coração, é hora da sua restauração. Pois existe alguém maior que o inimigo. Alguém que procura por você desde o começo dos tempos. Ele veio curar seu coração partido e restaurar seu coração feminino. Vamos nos voltar para Ele.

Cap.04 - Ferida

Essas palavras são lâminas cortantes para o meu coração ferido.
- William Shakespeare


Ah, Mulheres, que vocês devessem estar andando,
aqui, entre nós, cheias de lamento, não mais protegidas que nós.
- Rainer Maria Rilke


Carrie acordou no dia do seu sexto aniversário ao som de música.
Ela soube imediatamente que era seu aniversário, seu próprio dia. Abriu os olhos, descobrindo que balões haviam sido colocados ao redor de toda a sua cama – ela estava cercada de cor. A comemoração havia começado. Sua mãe estava de pé ao seu lado, segurando um bolo de café com uma velinha acesa, seu pai estava lá também e os dois estavam cantando “paaarabéeeens praaa vocêeee!” Oh, que alegria perfeita! Ondas de deleite, beijos, abraços, e “vivas!” a receberam neste dia – exatamente como havia acontecido seis anos antes. Seu pai sussurrou para sua “princesinha” que ele a amava. Sua mãe lhe lembrou novamente o quão feliz ela era por ter uma filha tão maravilhosa.
Não havia qualquer dúvida – esta garotinha era apreciada com deleite.
A vida para Carrie era bem próxima da vida que Deus imaginou para cada garotinha. Ela sabia que seu pai a valorizava. Ela era sua princesa. Ele era seu cavaleiro de armadura brilhante. Ele queria estar com ela. Carrie sabia que sua mãe a amava e a queria. Seu, era um mundo onde seu pai a protegia, sua mãe a nutria, e ela era apreciada. Este é o solo onde a alma de uma garota deveria crescer; o jardim onde seu coração deveria florescer. Toda garotinha deveria ser tão amada, são bem-vinda – vista, conhecida, valorizada. À partir daí ela pode se tornar uma mulher forte e confiante.
Ah, se tivesse sido assim com todas nós...

Mães, Pais e Suas filhas

Por muitos séculos as mulheres viveram em forte comunhão com outras mulheres – reunidas ao poço, às margens do rio, preparando refeições – muitas ocasiões para a feminilidade de certa forma passar naturalmente das mulheres mais velhas para as mais jovens. Nossa intuição, nosso olho clínico para relacionamentos, nossa habilidade de apreender questões do coração tornavam desnecessária uma “passagem” formal para a feminilidade. Nos nossos dias, estas oportunidades são quase inexistentes. Quando nós mulheres nos encontramos, costuma ser em situações de muito estresse – reuniões de empresa com prazos, reuniões de ministério com objetivos definidos, reuniões de pais na escola com preocupações. A casa é o único lugar que resta para esta transmissão vital da identidade feminina.
A forma como você se vê agora, já mulher feita, foi moldada na sua vida bem cedo, nos anos quando você era uma garotinha. Aprendemos o que significa ser feminina – e se nós éramos femininas – quando ainda éramos muito jovens. As mulheres aprendem com suas mães o que significa ser mulher e com seus pais o valor que uma mulher tem – o valor que elas têm como mulher. Se uma mulher está confortável com a própria feminilidade, sua beleza, sua força, então há grandes chances de sua filha também ficar.
De nossas mães recebemos muitas, muitas coisas, mas principalmente misericórdia e ternura. Quando meus filhos eram pequenos e se machucavam, o pai deles dizia algo animador como: “que machucado chique”. Já eu, os abraçava e cuidava da ferida. Nossas mães nos mostram a face misericordiosa de Deus. Somos nutridos em seus seios e acalentados em seus braços. Elas nos embalam e cantam canções de ninar. Nossos anos mais jovens são vividos dentro do seu controle e elas cuidam de nós em todos os sentidos da palavra. Quando nos machucamos, as mães nos beijam e nos aliviam.
As mães são algo de mistério para garotas jovens, mas também pertencem a um clube para o qual um dia elas irão entrar. Então as garotinhas assistem e aprendem. Elas aprendem a ser mulheres assistindo suas mães, suas avós e assimilando uma miríade de lições de todas as mulheres adultas de suas vidas.
Mas em relação à nossa Pergunta – esta é principalmente respondida por nosso pai.
O pai de Carrie estava presente para ela. Ele a via, e deixava claro que gostava do que via. Ele derramava afeição sobre ela com sua presença, proteção e deleite. Tinha apelidos para ela – nomes secretos que apenas os dois conheciam. Ele a chamava de “gatinha” e “princesa” e “minha querida”. Garotinhas precisam da força terna de seus pais. Elas precisam saber que seus papais são fortes e irão protegê-las; precisam saber que seus pais estão a seu favor. Acima de tudo, uma garota recebe de seu pai a resposta para a sua Pergunta.
Lembra as saias rodadas? Nós rodávamos na frente de nosso pai. Queríamos saber: “papai, eu sou encantadora? Sou cativante?” com eles, aprendemos que somos apreciadas com prazer, que somos especiais... ou que não somos. A forma como um pai se relaciona com sua filha tem um enorme efeito na alma dela – para o bem ou para o mal. Numerosos estudos mostram que mulheres que relatam um relacionamento próximo e carinhoso com seus pais, que recebem afirmação, apreciação e aprovação durante a infância, sofrem menos de doenças como distúrbios alimentares ou depressão e “desenvolvem um forte senso de identidade pessoal e auto-estima positiva” (Margo Maine, Father Hunger – fome de pai).
Mas Adão caiu, assim como Eva, e os pais e mães que a maioria de nós teve continuaram a triste história. Eles não proveram para nós as coisas que nossos corações precisavam a fim de nos tornarmos mulheres adoráveis, vulneráveis, fortes, aventureiras. Não, a maioria de nossas histórias partilham de um tema diferente.

Corações Feridos

Minha amiga Sandy foi criada em uma casa com um pai abusivo e uma mãe fraca. Se seu pai batesse em sua mãe, sua mãe achava que devia ter feito algo para merecê-lo. Quando os tapas se transformaram em espancamento, Sandy ficou entre os dois. Ela tentava parar as crueldades do pai e proteger a mãe, recebendo ela mesma a agressão. E quando seu pai começou a abusar sexualmente dela e de sua irmã, sua mãe não fez nada para protegê-las; simplesmente virava as costas. O pai de Sandy começou a levar seu amigos bêbados para casa para que eles também pudessem abusar sexualmente das suas filhas. E novamente, sua mãe nada fazia. O que você acha que Sandy aprendeu sobre masculinidade, feminilidade, sobre si mesma?
Tracey era a segunda filha de seus pais e não compartilhava da intimidade fácil que via existir entre seu pai e sua irmã mais velha. Estava incerta sobre si mesma, sobre o sentimento do pai por ela. Numa viagem para um parque aquático, ela queria brincar com ele. Ela lhe pediu que fosse com ela para o tobo-água na área das crianças. Ele não queria. Tracey lhe implorou. Estava com medo de ir sozinha. Queria que ele a pegasse no final do tobo-água. Queria que estivessem juntos. Ele concordou. Ela, exultante, andou de mãos dadas com ele para o tobo-água e ele desceu primeiro, como planejado. Mas era um tobo-água infantil, inapropriado para um adulto, e quando ele chegou no final, a piscina era muito rasa para ele. Chegando muito bruscamente, ele quebrou o pé. Ele estava sentindo dor e a culpa era dela. Foi nisso que seu coraçãozinho acreditou. O que isto ensina a uma criança sobre seus desejos e o efeito que sua vida tem sobre os outros?
Uma mulher que chamaremos de Melissa nos contou: “minha ferida surgiu no meu nascimento. Meus pais tinham uma menina de três anos e queriam desesperadamente um menino.” Você já imagina o que houve. “Levaram-me até meu pai pela primeira vez, e ele nem queria me segurar porque estava tão decepcionado por eu ser uma menina. Eu passei minha infância tentando ser um bom filho e orando todas as noites antes de dormir para que eu pudesse ter um pênis e virar menino. Todas as manhãs, quando eu acordava, eu conferia e chorava porque ainda era menina.” Como gostaríamos de dizer que histórias como essas são raras. A natureza da agressão pode ser diferente, mas a razão pela qual existem tantas mulheres sofrendo é porque houve tantas meninas feridas”.
Rachel teve um pai verbalmente abusivo. “Eu ouvi de tudo que imagino uma menina pode ouvir. ‘Você é burra. Você é inútil. Eu queria que você nunca tivesse nascido. Tenho nojo de você.’ Cresci acreditando que era repulsiva para o meu pai e tentei tudo o que podia para fazer com que ele gostasse de mim.” Pais abusivos são um horror comum demais. Fracas mães cúmplices são uma realidade dolorosa. Ambos costumam vir eles mesmos de famílias abusivas onde o ciclo de dor é repetido e repassado impiedosamente.
Não é possível vivermos muito tempo sem sermos feridas. O sol nasce, as estrelas seguem seu curso, as ondas rebentam sobre as rochas e nós nos ferimos. Corações partidos não podem ser evitados por muito tempo neste mundo lindo, porém perigoso, em que vivemos. Não estamos no Éden. Nem perto. Não estamos vivendo no mundo para o qual nossas almas foram criadas. Algo está errado.
Dê uma boa olhada nos olhos de alguém e atrás do sorriso ou do medo, você encontrará dor. E a maioria das pessoas está sofrendo mais dor do que elas mesmas percebem. O sofrimento não é algo estranho a nenhuma de nós, apesar de poucas terem aprendido que não é nosso inimigo também. Porque somos amadas por Deus, o Rei dos reis, o próprio Jesus, que veio para curar os corações partidos e libertar os cativos, podemos olhar de volta. Podemos segurar Sua mão e lembrar. Precisamos nos lembrar para não permanecermos aprisionadas às feridas e mensagens que recebemos desde crianças.
O horror que pais abusivos infligem em suas filhas ferem suas almas em seu âmago. Parte seus corações, leva à vergonha e insegurança e a uma hoste de estratégias de defesa, mas fecham seus corações femininos. Mas pelo menos a agressão é óbvia. A dor que pais ausentes infligem em suas filhas é danosa também, mas muito mais difícil de se ver.

Pais Passivos

Como eu disse antes, homens caídos tendem a pecar de uma entre duas formas. Eles ou se tornam homens ativos, violentos – sua força se tornando má – ou se tornam passivos, silenciosos (como Adão) – sua força desaparecendo. O pai de Lori estava presente fisicamente, mas ausente em todos os outros sentidos. Uma garotinha deseja ser apreciada pelo pai, mas o pai de Lori não queria ter nada a ver com ela. Quando sua escola primária teve um jantar para pais e filhas, Lori queria ir desesperadamente. Ela convidou o pai; implorou-lhe que fosse com ela, mas ele não ouviu coisa alguma. Lori presumiu que ele estava com vergonha de ser visto com ela.
Como muitas garotinhas, Lori começou a fazer aula de balé. Ela se sentiu tão bonita em seu colante e meia-calça cor-de-rosa que pediu ao pai que fosse vê-la dançar. Ele respondeu que quando ela estivesse num palco de verdade, então ele iria lhe assistir. Como você já deve saber, aulas de dança acabam em recitais, e então, o dia chegou quando Lorinha ia dançar num palco de verdade. Linda, em seu figurino reluzente, ela ansiosamente esperou e vigiou a chegada do pai. Ele não foi. Mais tarde aquela noite, amigos de seu pai tiveram que carregá-lo para dentro de casa porque ele estava bêbado demais para andar sozinho. O coração de criança de Lori acreditou que seu pai fez de tudo para não ter que ir vê-la dançar.
O pai de Debbie teve um caso quando ela era muito jovem. Ele não era um homem violento. Não havia nada de abusivo nele. Na verdade, ele era gentil com sua mãe, assim como com ela e sua irmã. Eles jantavam juntos aos domingos, iam à igreja juntos. No entanto, ele escolheu outra mulher. “Imagino que ela não tenha sido suficiente para mantê-lo,” Debbie disse sobre sua mãe. Então ela deu uma pausa e disse: “Imagino que nós não tenhamos sido suficientes para mantê-lo”. Casos e divórcios atacam no ponto que uma mulher mais teme – abandono. Ferem, não somente as mães, mas as filhas também. A ferida é algumas vezes difícil de identificar porque a agressão parece ser contra a esposa. Mas o que a garota aprende?
O pai de Laurie se divorciou de sua mãe quando ela tinha seis anos de idade. Em seu coração, ela estava se divorciando também. “Eles tentaram conversar sobre o assunto conosco, fazer tudo parecer maduro e garantir que tudo ia ficar bem. Mas ele estava partindo.” Seu pai realmente veio visitá-la, levá-la para sair. Mas ela aprendeu a esconder seu coração dele. “Aprendi a chorar debaixo d´água. Quando íamos para a piscina, eu não queria que ele me visse chorar.” Tantas meninas aprendem algo parecido. Esconda sua vulnerabilidade. Esconda seu coração. Você não está a salvo.
Meu (Stasi) pai esteve ausente na maior parte da minha juventude. Ele era um homem que fora criado para ser forte e bom. Naquela época, a principal forma de um homem mostrar sua força era sendo o provedor da família. Mas como muitos homens, meu pai trabalhava muitas horas por dia para nos sustentar financeiramente, e nos privou do que tinha de mais valioso: ele mesmo. Meu pai era um vendedor viajante. Costumava ficar fora por duas semanas cada vez que saía e ficava em casa somente durante o fim-de-semana, para logo sair de novo. Sendo alcoólatra, sempre parava num bar perto de casa para “tomar uma” antes de entrar em casa. Quando ele estava presente fisicamente, estava ausente emocionalmente, preferindo a companhia da televisão e um copo de “scotch” à sua família. Ele não me conhecia. Imagino que não queria.

Feridas de Mãe

Minha mãe era uma mulher solitária e ocupada. Quando eu era pequena, tinha que fingir estar doente para receber um mínimo de sua atenção. Eu me lembro de estar sentada na cozinha certa vez vendo-a preparar o jantar quando ela me disse pela primeira vez – mas não a última – o quão devastada ela havia ficado quando descobriu que estava grávida de mim. Eu fui a última de quatro filhos, muito próximos em idade, e ela ficou em prantos quando soube que eu, a filha de uma mãe sobrecarregada e um pai ausente estava a caminho. Você pode imaginar o efeito que isto tem no coração de uma garotinha.
O pai de Chris não era ausente. Ele era, na verdade, profundamente envolvido em sua vida. Ela ama cavalos, tinha um dom natural com eles, e ele era muito orgulhoso disso. Ele se deleitava nas habilidades que ela tinha para cavalgar e a encorajava a desenvolvê-las. Ele era presente e apoiador, ele a apreciava imensamente, e ela sabia disso. E sua mãe tinha ciúmes. Ela disse à Chris que seu pai só estava a “usando”. Ela soltou o veneno de que seu pai era cruel, egoísta, e que a atenção que ele lhe dava era errado. A mãe de Chris menosprezava seu amor por cavalos, nunca havia ido a uma aula ou show, e disse à Chris que ela ficava masculina e não atraente em suas roupas de montar.
A mãe de Dana a trancava juntamente com seu irmão e irmãs por horas a fio dentro do armário quando eles eram pequenos. Sua mãe não confiava neles ou em babás, então lhes colocava no armário quando saía. Eles não eram pobres, mas sua mãe comprava a comida mais barata possível, pão dormido, mofado, frutas maduras demais. Sua mãe lhe dava pouca comida, e então a acordava à meia-noite e exigia que ela comesse um pedaço de fruta feia, amassada. Ela tinha vinte e um anos quando ela experimentou sua primeira pêra perfeitamente madura e estranhou o gosto.
As histórias dessas mulheres e das feridas que receberam quando crianças são todas diferentes, mas os efeitos de suas feridas e o efeito das nossas são dolorosamente similares. Algumas dessas histórias são extremos. Os sentimentos de incerteza e inutilidade que elas portam, não. Como foi sua infância? Que lições você aprendeu quando era uma menina? O que seus pais queriam de você? Você era apreciada? Você sabia no âmago do seu ser que era amada, especial, merecedora de proteção, e querida? Eu espero que sim. Mas eu sei que, para muitas de vocês, a infância que vocês deveriam ter tido, a que vocês queriam ter tido, está longe de ser a infância que vocês realmente tiveram.

As Mensagens de nossas Feridas – e Como Elas nos Moldaram

As feridas que recebemos quando crianças não vieram sozinhas. Trouxeram mensagens consigo, mensagens que atingem o âmago do nosso coração, exatamente no lugar de nossa Pergunta. Nossas feridas atacam o cerne de nossa feminilidade. O estrago feito em nossos corações femininos pelas feridas que recebemos, torna-se muito pior com as coisas horríveis que acreditamos sobre nós mesmas como resultado das feridas. Quando crianças, não tínhamos as faculdades necessárias para processar e filtrar o que estava acontecendo conosco. Nossos pais eram deuses. Acreditávamos que estavam certos. Se fôssemos sobrecarregadas ou menosprezadas, machucadas ou abusadas, acreditávamos que, de alguma forma, a culpa era nossa – o problema estava conosco.
O pai de Lori não foi ao seu recital. Ele deu um jeito de não ir. Esta foi a ferida. A mensagem foi que ela não era digna do tempo dele. Não era digna de amor. Ela achou que devia haver algo terrivelmente errado com ela. O pai de Tracey quebrou o pé. Ela o convidou para participar do desejo do seu coração, e o resultado foi um desastre. A mensagem? “Seu desejo por relacionamento gera dor. Você é um prato cheio demais.” E ela passou os últimos vinte anos tentando achar algum jeito de ser amada sem ser demais. E acabou eliminando enormes partes de sua maravilhosa personalidade como resultado.
O pai de Debbie teve um caso. O que deixou tudo confuso foi que, de muitas formas, ele era um bom homem. A mensagem que foi colocada em seu coração de adolescente foi: “você tem que agir muito melhor que isso se quiser manter um homem com você.” Depois disso apareceu um rapaz investindo em Debbie, e partiu sem razão aparente. Nós conhecemos esta linda jovem há muitos anos e uma coisa nos intriga – por que ela está sempre tentando consertar sua vida? Por que ela está sempre tentando “se melhorar”? Debbie está sempre procurando algo para consertar. Mais oração, mais exercícios, mais responsabilidade financeira, uma nova cor de cabelos, mais disciplina. Por que ela está se esforçando tanto? Ela não sabe o quanto é maravilhosa? O que torna sua busca tão frustrante é que ela não sabe o que há de errado com ela. Ela simplesmente teme que ela nunca seja o suficiente.
Muitas mulheres se sentem assim, na verdade. Muitas vezes não o expressamos em palavras, mas no fundo tememos que haja algo de muito errado em nós. Se fôssemos a princesa, então nosso príncipe teria vindo. Se fôssemos a filha de um rei, ele teria lutado por nós. Não podemos evitar acreditar que se fôssemos diferentes, se fôssemos melhores, então teríamos sido amadas como ansiamos. Deve ser nossa culpa.
O pai de Sandy abusou dela e sua mãe virou as costas. Isto produziu um enorme mal em sua alma. Em tudo o que aprendeu, Sandy assimilou duas coisas básicas sobre feminilidade: ser mulher é ser incapaz; não há nada de bom na vulnerabilidade; é simplesmente “fraqueza”. E ser feminina é atrair intimidade indesejada sobre si mesma. Surpreende você que ela não queira ser feminina? Como muitas mulheres molestadas sexualmente, Sandy se encontra na horrível prisão de ansiar por intimidade (ela foi criada para tanto), e, ao mesmo tempo, temer ser atraente para um homem da forma mínima que seja. Ela se contenta com a imagem de “mulher competente e profissional eficiente,” gentil, mas resguardada, nunca muito atraente e nunca, nunca, carente e nunca “fraca”.
Algumas mulheres que sofreram abuso sexual escolhem outro caminho. Ou, talvez mais honestamente, se vêem indo compulsivamente em outra direção. Nunca receberam amor, mas experimentaram um tipo de intimidade através do abuso sexual, e agora se entregam a um homem atrás do outro, esperando curar, de alguma forma, as feridas do sexo criminoso com sexo que tenha amor envolvido.
A mãe de Melissa era uma mulher má que espancava os filhos com um pedaço de pau. “Eu tinha total pânico da minha mãe,” ela confessou. “Ela parecia psicótica e gostava de fazer jogos psicológicos. Na maioria das vezes nós nem sabíamos por que estávamos apanhando. Meu pai não fazia nada. Uma coisa que eu sabia era que, a cada golpe, meu ódio por ela crescia. Ela transformou minha irmã numa frágil massa humana, e eu jurei que ela nunca faria isto comigo. Eu jurei que seria ‘durona’, firme, como uma rocha.” E ela se tornou assim, assim se tornou adulta.
As promessas que fazemos quando crianças são bastante compreensíveis – e muito, muito danosas. Elas desligam nosso coração. São essencialmente um acordo estabelecido com as mensagens de nossas feridas. Funcionam como uma concordância com o veredicto que paira sobre nós. “Tudo bem. Se é assim, então é assim. Vou viver minha vida da seguinte forma...”
Vários anos têm sido necessários para eu poder identificar e entender as feridas e mensagens que moldaram minha vida. Tem sido uma jornada em busca de mais clareza, entendimento e cura. Ontem à noite mesmo, enquanto John e eu conversávamos sobre este capítulo, comecei a enxergar mais claramente qual tem sido a mensagem de minhas feridas. Minha mãe estava se sentindo sobrecarregada com a idéia de mais um filho – eu. A mensagem que ficou em meu coração foi a de que eu era muito; simplesmente minha presença gerava sofrimento e dor. Com um pai que não parecia querer me conhecer ou estar comigo, eu peguei a mensagem: “você não tem uma beleza que me cativa. Você é uma decepção.”
Quando eu era criança, costumava me esconder no armário. Ninguém estava procurando por mim; eu simplesmente me sentia segura lá dentro. Comecei a me esconder assim quando tinha dez anos – o mesmo ano em que minha família desmoronou. Estávamos morando no Kansas em um bairro que era tudo o que um bairro deve ser. Minhas irmãs, meu irmão e eu brincávamos com as crianças da vizinhança. Ninguém tinha cercas na época, tudo era aberto. E a escola era onde desabrochávamos. Eu fui eleita “cidadã do ano.” Minha irmã mais velha foi escolhida para participar de um programa de intercâmbio e ir para a França. Minha outra irmã era a estrela do teatro da escola. Meu irmão era popular e ganhou vários prêmios na escola. Você já pegou a idéia. Estava tudo bem.
E aí, nos mudamos (meu pai foi promovido), e foi como se uma bomba atômica tivesse caído sobre nossa família. Nós tínhamos um grande sistema de apoio no Kansas, maior e mais forte do que sabíamos. Amigos, vizinhos, professores, todos estavam nos mantendo de pé. Quando nos mudamos, não tínhamos mais este apoio e minha família não era forte o suficiente sozinha; caímos como um castelo de cartas. Apesar do meu pai não viajar tanto mais, ele trabalhava por longas horas, muitas vezes saindo de casa antes de acordarmos e voltando depois que já estávamos dormindo. Eu sentia como se ele estivesse sempre numa viagem de negócios longe de casa, quando, na verdade, ele só estava há uma hora de distância. Meu pai era alcoólatra e também bipolar, então, quando estava em casa, eu nunca sabia qual pai ele iria ser momento. Seria o pai alegre ou o irado?
Nossa casa não era mais um refúgio, mas um campo de batalha. Refeições em conjunto muitas vezes acabavam em palavras duras e muitas lágrimas. A bebedeira do meu pai aumentou, juntamente com a dor e o ressentimento da minha mãe. Quando estavam juntos, flechas venenosas voavam pelo ar. Numa tentativa de escapar, meu irmão roubou um carro e tentou voltar para o Kansas, onde a vida era boa. Minha mãe foi ficar na casa dos pais por um tempo, e uma de minhas irmãs fugiu de casa. Uma noite, saí com meu pai para jantar. Ele bebeu demais e começou a paquerar a garçonete, pedindo o telefone dela. Foi demais para o meu coração jovem e solitário. Voltando pra casa, engoli todos os comprimidos que achei fossem suficientes para acabar com minha vida e minha dor. Acordei na manhã seguinte, grata por não ter morrido, mas perfeitamente consciente de que meu mundo não era seguro mais.
Então, fiz uma promessa. Em algum lugar no meu coração, sem nem mesmo perceber que eu estava fazendo, ou mesmo colocar em palavras, eu jurei me proteger, nunca gerando nenhuma dor, nunca pedindo atenção. Meu trabalho em casa era ser invisível, não causar turbulência. Se eu causasse qualquer problema, com certeza o navio afundaria. Então eu comecei a me esconder. Escondi minhas necessidades, meus desejos, meu próprio coração. Escondi meu verdadeiro eu. E quando tudo estava demais, eu me escondia no armário.
Adiante quatorze anos. Estou agora recém-casada com um homem forte e direto, que não tem medo de confronto, até gosta. Nós costumávamos nos sentar à mesa da cozinha e se a conversa ficasse tensa, eu sumia de lá. Ele ia me procurar. “Stasi, onde está você?” Onde eu estava? Estava escondida no armário. Literalmente.
Eu ficava com vergonha do meu comportamento infantil, me sentia idiota com minha aparente incapacidade de tratar de forma madura uma divergência de opiniões. Mas eu nunca tinha visto isso, não sabia como fazer. O menor desapontamento que o John tivesse com algo que eu tivesse feito destruía meu coração ferido. Levou muitos, muitos meses para o amor e afirmação do John começarem a penetrar meu coração assustado. Ainda me lembro da primeira vez que tivemos um desentendimento e eu consegui continuar no quarto com ele. Tive que usar toda a minha força de vontade para manter um pé no quarto, enquanto o outro apontava para o banheiro pronto para correr em busca de segurança. Foi uma virada. Nunca mais me escondi daquela forma de novo.
No entanto, comecei a engordar mais rapidamente do que você imaginaria ser possível. Inconscientemente, eu tinha encontrado uma nova maneira de me esconder. Eu temia desde o início do meu casamento que no fundo eu fosse – e sempre seria – um desapontamento para o John; que era simplesmente uma questão de tempo até ele perceber. (A mensagem da minha ferida). A garotinha ferida no meu interior achava que era melhor fugir. E minha fuga, assim como a sua, tornou as coisas muito, muito piores. John e eu tivemos muitos anos de dor. Como Jesus disse, aquela que tenta ganhar a sua vida, a perderá (Mt. 16:25). As promessas e as coisas que fazemos como resultados de nossas feridas apenas pioram as questões.

Feminilidade Ferida

Como resultado das feridas que recebemos quando crianças, passamos a acreditar que alguma parte de nós, talvez todas as partes, está marcada. A vergonha entra em cena e faz sua casa no profundo do nosso coração. É a vergonha que nos faz desviar o olhar, então nós evitamos olhar nos olhos de estranhos e amigos. É vergonha aquele sentimento que nos assombra, a sensação de que se alguém realmente nos conhecesse, balançariam a cabeça com desdém e iriam embora. A vergonha nos faz sentir, não, acreditar que nós não atendemos às expectativas – não nos padrões do mundo, ou da igreja, ou nossos próprios.
Outros parecem ter sua vida sob controle, mas a vergonha captura nosso coração e o segura, sempre pronta para apontar nossas falhas e julgar nosso valor. Estamos incompletas. Sabemos que não somos tudo o que ansiamos ser, tudo o que Deus anseia que sejamos, mas ao invés de nos levantarmos, indo em busca do ar cheio-de-graça e perguntarmos a Deus o que Ele pensa de nós, a vergonha nos mantém presas e sufocadas, acreditando que merecemos morrer asfixiadas. Se não fomos consideradas dignas de amor quando crianças, é incrivelmente difícil acreditar que o somos agora, já adultas. A vergonha diz que somos indignas, quebradas, sem conserto.
A vergonha nos leva a nos escondermos. Temos medo de sermos verdadeiramente vistas, então escondemos nosso eu real e apenas oferecemos o que cremos ser desejado. Se somos o tipo da mulher dominadora, oferecemos nossa “opinião”. Se somos o tipo solitário de mulher, oferecemos nosso “serviço”. Ficamos em silêncio e não dizemos o que vemos ou sabemos quando é diferente do que os outros estão dizendo, porque pensamos que devemos estar erradas. Recusamo-nos a colocar nossas vidas, quem Deus nos fez pra sermos, diante dos outros por medo de rejeição.
A vergonha nos faz sentir muito desconfortáveis com nossa beleza. As mulheres são lindas, cada uma de nós. É uma das gloriosas formas com que portamos a imagem de Deus. Mas poucas de nós acreditamos que somos lindas, e menos ainda se mantém confortáveis com a própria beleza. Nós ou achamos que não possuímos nenhuma beleza ou se possuímos, achamos que é perigosa e má. Então escondemos nossa beleza atrás de peso extra e camadas de maquiagem desnecessária. Ou neutralizamos nossa beleza, levantando paredes protetoras, defensivas, que avisam os outros que mantenham distância.

Uma Aliança Má

Com os anos, passamos a enxergar que a única coisa mais trágica do que as coisas que aconteceram conosco é o que fizemos com elas.
Palavras foram ditas, palavras dolorosas. Coisas foram feitas, coisas horríveis. E elas nos moldaram. Algo por dentro está trocado. Abraçamos as mensagens das feridas. Aceitamos a visão distorcida de nós mesmas. E à partir daí escolhemos um jeito de nos relacionarmos com o nosso mundo. Fazemos um voto de nunca mais estarmos naquela posição. Adotamos estratégias para nos proteger de sermos feridas de novo. Uma mulher que está vivendo com um coração partido, ferido, é uma mulher que está vivendo uma vida de auto-proteção. Ela pode até não estar ciente disso, mas é a verdade. É nosso jeito de tentarmos “nos salvar”.
Também desenvolvemos formas de tentar conseguir alguma coisa do amor pelo qual nosso coração clama. A dor está lá. Nossa necessidade desesperada de amor e afirmação, nossa sede de algum romance e aventura e beleza estão lá. Então nos voltamos para meninos, ou comida, ou estórias de romance; perdemos-nos em nosso trabalho ou na igreja ou em algum tipo de serviço. Tudo isto se soma à mulher que somos hoje. Muito do que chamamos de nossa “personalidade” é na verdade o mosaico das nossas escolhas por auto-proteção mais nosso plano de conseguir alguma coisa do amor para o qual fomos criadas.
O problema é que nosso plano não tem nada a ver com Deus.
As feridas que recebemos e as mensagens que elas trouxeram formaram uma espécie de aliança má com nossa natureza caída de mulheres. De Eva nós recebemos uma profunda desconfiança sobre o coração de Deus em relação a nós. Claramente, Ele está retendo algo de nós. Apenas teremos que nos adaptar para termos a vida que queremos. Controlaremos nosso mundo. Mas há também uma dor interna profunda, uma dor que clama por intimidade e vida. Teremos que achar um jeito de atendê-la. Um jeito que não requer que confiemos em ninguém, especialmente Deus. Um jeito que não irá requerer vulnerabilidade.
De certa forma, esta é a história de toda garotinha, aqui neste mundo a leste do Éden.Mas as feridas não param quando crescemos. Algumas das feridas mais danosas e destrutivas que recebemos aparecem bem mais tarde em nossa vida. As feridas que recebemos durante nossa vida não vieram do nada. Há, na verdade, um tema para elas, um padrão. As feridas que você recebeu chegaram a você com um propósito de alguém que sabe tudo o que você foi criada para ser e tem medo de você.

Cap.03 - Assombrada por uma pergunta

Eu estava na fila de 15 volumes do supermercado quando eu ouvi: ‘ Senhora, essa é a fila para compras até 15volumes’ ela disse. Eu olhei ao redor para ver de quem essa mulher estava falando. O meu carrinho tinha nada a mais, nada a menos que 15 itens. Eu contei duas vezes para confirmar. Enquanto ela estava olhando as prateleiras na fila com seu marido eu percebi que ela comentava sobre mim. Virei para trás e falei para ela que meu carrinho tinha somente os requeridos 15 itens. Ela saiu daquela fila com o carrinho dela de maneira brava e grosseira.
Depois, ela, em uma fila próxima a minha com seu marido, disse com voz acusadora e com sarcasmo: ‘Ela disse ter somente os 15 itens’. Nesse ponto, dizer que eu fiquei defensiva é um pouco de se esperar. Me subiu uma raiva. Eu sentia que estava quente e me surpreendi com a intensidade da minha própria reação. Eu me inclinei pra o lado dela e falei para ela com um tom nervoso: ‘Eu só tenho 15 itens, senhora. Você quer vir aqui e contar?`. O marido dela fez com a mão sinal para que eu arredasse para trás e deixasse de brigar.
Com vergonha eu parei e depois paguei a minha conta conferindo ainda que somente houvesse os 15 itens. Como eu queria mostrar para ela a minha nota fiscal. No carro de volta para casa eu estava tão chateada que tive que parar o carro. Eu estava tremendo. Eu tinha acabado de brigar com uma estranha na fila de 15 volumes do supermercado. O que tinha acontecido? Sobre o que foi aquilo tudo?

Eva – O que aconteceu?

Eva foi dada ao mundo como a encarnação de um belo e cativante Deus – uma oferenda de vida, uma amante salvadora de vida, uma especialista em relacionamentos, cheia de ternura, compaixão e esperança. Sim, ela trouxe uma força para o mundo, não uma força brutal ou de ponta afiada. Ela era convidativa, atraente e cativante.
É essa a experiência que você tem com as mulheres que você conhece? É essa a experiência que as pessoas têm com você?
Por que será que só poucas mulheres têm uma vida que seja similar a uma vida de romance? Solidão e senso de vazio são os temas mais comuns entre mulheres – tão comuns são esses sentimentos que a maioria das mulheres enterrou seus desejos por romance há muito tempo e estão vivendo agora só para sobreviver e para passar por mais uma semana. E não é somente sobre romance – Por que as mulheres estão sofrendo dificuldades em seus relacionamentos em geral? Suas famílias, seus amigos, seus melhores amigos todos parecem ter que sofrer com um vírus que as tornam indisponíveis, e as deixou sozinhas no final do dia. Ainda quando os relacionamentos são bons, não é o bastante. De onde que vem essa questão?
E as mulheres estão cansadas. Nós estamos exaustas. Mas esse cansaço não se dá por causa de vivermos aventuras compartilhadas. Não, o cansaço das mulheres vem de vidas esmagadas pela rotina, com trabalho regular e com muitas exigências. Como disse Chekov: ‘Qualquer tolo pode enfrentar uma crise. É o dia a dia que o mata de cansaço’
De alguma forma, em algum lugar da nossa juventude e passado, eficiência tem sido nossa aventura. A maior parte as mulheres não se sentem como se estivessem atuando em um papel insubstituível de uma grande estória. Não, nós lutamos para saber se temos valor de alguma forma. Se estivermos em casa ficamos com vergonha por não termos uma vida real. Nós somos engolidas pelas roupas a serem lavadas. Se tivermos uma carreira, sentimos como se estivéssemos perdendo o que mais importa na vida que é casar e ter filhos. Nós somos engolidas por reuniões.

A pergunta mais profunda de uma mulher

Finalmente, as mulheres questionam muito se elas têm uma beleza genuína para mostrar. Essa é a nossa mais profunda dúvida. Em se falando de beleza, nós hesitamos entre tentativas fortes e conformismo. Novas dietas, roupas novas, nova cor de cabelo, ginástica, disciplina, tentamos aquele programa para nos melhorar. Ah, deixa pra lá. Quem se importa. Colocamos uma capa e continuamos a vida. Esconder. Escondemos no mercado de trabalho, escondemos em atividades da igreja, escondemos na depressão. Não tem nada cativante em mim. Certamente não tem nada cativante dentro de mim. Se eu tiver sorte posso pegar algo cativante do lado de fora.
Quando eu saio para uma festa, para um jantar, para casa de amigos, qualquer lugar em que eu vá ver outras pessoas eu fico nervosa. Normalmente eu não tenho consciência do que eu realmente estou sentindo, mas eu me pego passando batom várias vezes no caminho quando estou no carro. Quanto mais nervosa eu estou, mais batom eu passo. Mais perto do meu destino, eu passo mais batom. Há um tempo atrás eu achei uma pista nesse habito meu quando eu estava passando mais uma camada de batom desnecessária. O que é que eu estava fazendo? Eu estava com medo. Pelo menos se a minha maquiagem parecesse boa, talvez eu pudesse não estar tão exposta. Descoberta. Vista.
Toda mulher, bem no cerne de seu ser, é assombrada por Eva. Ela sabe, sempre que passa por um espelho, que ela não é quem ela deveria ser. Nós somos mais fortemente conscientes da nossa falha em alcançar um padrão do que qualquer pessoa. Lembrando da glória que uma vez foi nossa desperta meu coração para uma dor que há muito não tem sido tratada. É muita coisa para ter esperança, muita coisa perdida.
Sabe, toda garota e todo garoto estão fazendo uma pergunta fundamental. Mas são perguntas diferentes para garotos e garotas pequenos. Meninos querem saber se eles têm tudo àquilo que precisam. Todas as brigas de rua, apostas e roupas de super-heróis, com tudo isso o garoto está tentando provar que ele tem tudo que ele precisa. Ele foi feito à imagem e semelhança de um Deus guerreiro. O homem se enche com sua busca por valor que deseja uma carreira como maneira de responder a sua pergunta.
Meninas querem saber se elas são amáveis. Camisetas brilhantes, vestidos de festa, o desejo de ser bonita e ser vista – essa é a questão. Nós estamos buscando responder a nossa pergunta. Quando eu era uma menina de uns 5 anos mais ou menos, eu me lembro de cantar na mesa de café da casa dos meus avós. Eu queria atenção, especialmente do meu pai. Eu queria ser cativante. Todas nós queríamos. Mas para a maioria de nós, a resposta para nossa pergunta foi: Não, não há nada de cativante em você. Saia da mesa. O que move a mulher em sua vida adulta é esse desejo por ser agradável, bonita e insubstituível. E ter sua pergunta respondida: Sim!
Por que essa pergunta sempre permanece? Por que não temos experimentado descanso em uma resposta pessoal e maravilhosa para nossos corações.

A queda de Eva

Quando o mundo era novo e inocente – os dois, homem e mulher – estavam pelados sem sentir vergonha (Gen 2:25). Nada a esconder. Simplesmente.... Glorioso. E enquanto esse mundo e nós éramos jovens, bonitos e cheios de vida, uma esquina estava sendo virada. Algo que já ouvimos falar aconteceu. Mas nunca entendemos muito bem esse acontecimento, caso contrário nós veríamos isso acontecendo todo dia em nossas vidas. Mais importante, veríamos também as chances dadas a nós todos os dias de reverter essa situação.

Agora a serpente era a mais esperta das criaturas que o Senhor Deus tinha feito. ‘Mesmo?’ Ela perguntou a mulher. ‘Deus falou que vocês não poderiam comer nenhuma fruta do Jardim?’

‘Claro que podemos comê-las’ a mulher respondeu para ela. ‘ É somente a fruta da árvore que está no centro do jardim que não nos é permitido comer. Deus falou que não podemos comer ou sequer tocar nela, caso contrário, morreríamos.

‘Você não vai morrer!’ A serpente insistiu. ‘ Deus sabe que seus olhos se abririam se você comesse o fruto. Você se tornará igual a Deus, conhecedora do bem e do mal. ’

A mulher foi convencida. O fruto parecia tão gostoso e fresquinho. Afinal de contas, o fruto a tornaria tão sábia! Então ela comeu um pouco do fruto. Ela também deu para seu marido comer, pois ele estava lá com ela. (Gen 3:1-6)

A mulher foi convencida. É isso? Assim mesmo? Uma questão de momento? Convencida de quê? Olhe para seu próprio coração e você vai ver. Convencida de que Deus não a estava segurando. Convencida que ela não poderia confiar no coração que Deus tinha para ela. Convencida que para aproveitar o máximo da vida, ela deveria tomar o controle das coisas em suas mãos. E assim ela fez. Ela é a primeira a cair. Na sua desobediência, a mulher viola a sua própria essência. Eva veio como se fosse uma espécie de salvadora para Adão. Era para ela trazer mais vida para Adão, convidando ele para a vida. Ao invés disso, ela o convida para a morte.
Agora, para ser sincera, Adão não está correndo para o resgate de Eva. Deixe-me fazer uma pergunta: Onde estava Adão enquanto a serpente estava tentando Eva? Ele estava lá o tempo todo: ‘E ela também deu um pouco para seu marido que estava com ela e ele comeu também. ’(Gen3:6). A palavra em Hebreu para ‘com ela’ significa ‘lá mesmo’, ombro a ombro. Adão não estava em outra parte da floresta. Ele assistiu todo o se desenrolar da cena. O que ele faz? Nada. Absolutamente nada! Ele não se arriscaria, ele não iria brigar e não resgataria Eva. Nosso primeiro pai – o primeiro homem da terra ficou paralisado. Ele negou sua própria natureza e permaneceu passivo. E todo homem que veio depois dele, todo filho de Adão, carrega agora em seu coração a mesma falha. Todo homem repete o pecado de Adão todo dia. Não arriscam, não brigam e não resgatam Eva.
Você pode ver essa cena passando todos os dias. Quando se precisa de um homem para superar algo por nós.... procure. Eles desaparecem, saem silenciosos e passivos. ‘Ele não conversa comigo’ muitas mulheres lamentam. Eles não brigam por nós.
E a mulher? Temos a tendência de desaprovar e controlar. Nós, como Eva, ficamos tão facilmente encantadas, caindo assim nas ciladas mentirosas de nosso inimigo. Perdendo nossa confiança em Deus, nós acreditamos que para ganhar a vida que precisamos, temos que ter o controle em nossas mãos. E estamos machucadas com esse profundo vazio que não parece ser possível de preencher.

A maldição

Para a mulher ele declarou:
‘Multiplicarei grandemente seu sofrimento na gravidez;
Com sofrimento dará a luz a seus filhos.
Seu desejo será para seu marido,
E ele a dominará’
E para o homem Deus declarou:
‘Visto que você deu ouvidos à sua mulher
E comeu o fruto da árvore da qual eu lhe
Ordenara que não comesse,
Maldita é a terra por sua causa;
Com sofrimento se alimentará dela
Todos os dias da sua vida
Ela lhe dará espinhos e ervas daninhas,
E você terá que alimentar-se das plantas do campo’ Gen3:16-18

Agora devemos prestar atenção cuidadosamente a tudo isso e, principalmente às maldições pronunciadas por Deus, pois essa estória explica nossa vida atual. A maldição de Adão não se resume em espinhos e ervas daninhas, se fosse assim, os homens que não são fazendeiros podem escapar a essa maldição. Pegue um emprego de colarinho branco e você está fora de alcance. Mas as implicações são mais profundas para os filhos de Adão. O homem é amaldiçoado com futilidade e fracasso. A vida se torna difícil para o homem e ele vai sentir bastante. O fracasso é o maior medo do homem.
Da mesma forma, a maldição para Eva e suas filhas não se resume apenas aos filhos e casamento, pois se fosse assim, toda mulher solteira sem filhos escaparia à maldição.
O significado é profundo e as implicações são para toda filha de Eva. A mulher é amaldiçoada com solidão (um problema relacional), com a necessidade de controlar (especialmente seu homem), e com a dominância masculina (o que não representa como as coisas devem ser, e não é necessariamente uma coisa boa – é o fruto da queda e um triste fato da história).
Isso não é verdade? Não são as nossas mais profundas preocupações e problemas questões relacionais? Nossas questões não estão sempre relacionadas a uma outra pessoa? Mesmo quando você passa por uma fase boa, o seu anseio por intimidade já esteve preenchido de maneira duradoura? Existe um vazio em nós que estamos tentando preencher continuamente. Você consegue ver como você precisa ter as coisas sob controle – sejam essas coisas projetos, ministério ou casamento? Você se sente confortável se deixando nas mãos de outra pessoa? Você nunca sentiu que esse é um mundo de homens? E que sua vulnerabilidade como mulher era uma tarefa? A maioria das mulheres odeia sua vulnerabilidade. Não estamos sendo convidativas, ao contrário, estamos nos guardando. A maior parte de nossas energias são usadas para tentar esconder quem realmente somos e controlamos assim nosso mundo para ter um senso de segurança.
Quando o homem vai mal, como todo homem já foi alguma vez depois da queda, o que está sendo quebrada é a sua força. Ou ele se torna um homem passivo, um homem fraco, -(entrega sua força) ou ele se torna um homem agressivo e violento (ele tenta colar sua força). Quando a mulher cai da graça, o que é quebrado mais profundamente é a sua ternura e vulnerabilidade, a beleza que convida para a vida. Ela se torna dominadora e controladora – uma mulher desolada, carente e desinteressante.

Mulher dominadora

Pense por um instante nas qualidades que você não gosta em uma mulher – Pode até pensar em mulheres personagens de filmes. Em O Encantador de Cavalos, 1998, a personagem Annie é uma sofisticada Professional nova-iorquina, a editora de uma revista líder no mercado feminino. Ela é também uma mulher incrivelmente controladora. A filha de Annie foi hospitalizada em situação crítica por causa de um acidente de cavalo. É de se esperar que Annie fique balançada no fundo. O jeito que ela leva a situação é dominando – os médicos, as enfermeiras, o marido e até a filha machucada. Num momento ela percebe que o soro da filha está acabando.
‘Não posso deixar isso para essas pessoas.’
(ela vai ao corredor e pega uma enfermeira que está passando)
‘Com Licença. Minha filha está precisando de um soro novo.’
‘Sim, Eu sei – estamos tomando conta dela...’
‘Bem, Eu gostaria que você providenciasse isso agora, por favor.’
(Por favor, foi um tratamento cordial, e Annie volta ao quarto e conta a situação ao seu marido que já estava com vergonha).
‘Temos que ficar em cima dessas pessoas o tempo todo’

Ela não precisa de ninguém. Ela está encarregada – ‘em cima das pessoas constantemente’. Ela é uma mulher que sabe conseguir o que quer. (Alguns de nós até admiramos isso!). Mas considere isso – não tem nenhuma compaixão nela, nenhuma ternura e certamente nenhuma vulnerabilidade. Ela abandonou os aspectos essenciais da feminilidade.
Pense na noiva de Tom Cruise em A Grande Virada: ‘Eu não vou deixar você fazer isso comigo Jerry’. Ou a Mãe de Rose em Titanic: ‘Temos que sobreviver!’ Essa frase também dita em Vem Dançar comigo pela terrível mãe. Note também que a maior parte das bruxas espertas são mulheres. Ou madrastas. Você já se perguntou por que as coisas foram assim por anos até o movimento feminista. Podemos notar a ironia, por que os furacões foram nomeados com nomes de mulheres?
A Eva caída controla seus relacionamentos. Ela se recusa a ser vulnerável. E se ela não pode segurar seus relacionamentos, ela mata o desejo de seu coração por intimidade para que ela fique segura e no controle. Ela se torna uma mulher que não precisa de ninguém muito menos dos homens. Como que isso se desenvolve no desenrolar da vida e como as feridas da infância moldam as convicções de seu coração é uma questão complicada, mas de muita importância. No entanto, por debaixo de tudo e por detrás de tudo, existe uma verdade simples: mulheres dominam e controlam por que elas têm medo de sua vulnerabilidade. Distante de Deus e do Édem, isso parece o melhor jeito de se viver. Mas considere isso ‘Tudo que não é pela fé é pecado’(Rom14:23). Aquele jeito auto-protetor de relacionar com os outros não tem nada a ver com amar as pessoas e confiar em Deus. Isso é nossa resposta carnal a um mundo perigoso.
O que estamos falando não é que a mulher não possa estar errada. Mas estamos falando que muitas mulheres têm dispensado sua feminilidade para se sentirem seguras e no controle. A sua força está mais masculina do que feminina. Não tem nada convidativo e belo nela, nada de ternura ou compaixão. Seria como a figura de Shakespeare Macbeth, que pede aos deuses para tirar dela a forma sexuada, remover sua feminilidade. Assim, ela poderia controlar a fatalidade do relacionamento com os homens em sua vida, desta forma seria protegida do destino.
Mulheres controladoras são aquelas que não confiam em ninguém para dirigir seus carros. Ou para ajudar na cozinha. Ou para falar em nossos retiros ou encontros. Ou para carregar alguma coisa para nós. Fazemos as decisões que são ‘nossas’. Sugira um vestido diferente, agenda, restaurante ou rota. Nós fazemos reservas sozinhas quando viajamos. Nós planejamos festas de aniversários perfeitas para nossos filhos. Podemos dar uma aparência de que apenas estamos querendo ser boas mães, ou boas amigas, mas o que normalmente fazemos é arrumar as vidas das outras pessoas. A mulher controladora é como disse C.S.Lewis, ‘Aquele que vive para os outros. Você pode perceber os outros por suas expressões de cassados. ’
A mulher controladora tende a ser muito bem recompensada no nosso mundinho caído. Somos aquelas que recebem promoções corporativas. Somos encarregadas de ministérios de mulheres. Nós talvez nunca consideremos que por viver uma vida de controle e domínio estamos nos recusando a confiar em Deus. Talvez nunca nos demos conta de que algo precioso se perdeu em nós. Algo nosso que o mundo precisa muito.

Mulheres Desoladas

Se por um lado descobrimos que a Eva caída se torna dura e controladora, por outro lado achamos mulheres desoladas, carentes e vulneráveis demais. Mulheres como Ruth Jamison em Tomates Verdes Fritos. Ela é tão ingênua, perdida, sem nenhuma noção de si mesma. Ela está sob o abuso de um homem mal, mas não tem o desejo de sair disso. Tire fora situações abusivas e vamos ter uma mulher como Marianne de Razão e Sensibilidade que está disposta a se entregar a um homem muito pouco confiável. Ela está desesperada para ser amada. E ela acaba machucada.
Mulheres desoladas são governadas por dores profundas dentro delas. Elas são consumidas pela fome por relacionamentos. Um amigo nosso estava lamentando sobre o tanto que a sua mãe o liga. ‘Quão freqüente ela liga’ perguntei eu, supondo que ele estava exagerando. ‘Todo dia’ Ele respondeu. Todo dia é muito freqüente para uma mãe ligar para seu filho adulto que não mora mais em casa.
O triste é que mulheres desoladas tendem a esconder quem elas realmente são. Temos certeza que se alguém nos conhecesse não gostaria de nós – e não podemos nos arriscar a perder o relacionamento. Elas poderiam ser mulheres como Tulah de Casamento Grego, que literalmente se esconde atrás do balcão toda vez que um homem atraente entra na sua cafeteria. Ela esconde sua beleza atrás de grandes óculos (na era das lentes de contato?), roupas largas e cabelo preso. Ela não acredita que ela é digna de atenção. Mulheres desoladas se escondem por detrás de um ativismo. E é como mulheres em minha família aprenderam a levar a vida.
Minha mãe cresceu na parte rural de Dakota do norte. Seus pais passaram toda a vida morando na mesma casa em que ela nasceu. O pai dela era um homem desapegado e frio. Ele nunca falou palavras que meninas desejam ouvir. Ela nunca ouviu de seu pai que ela era preciosa e bonita. Ele nunca disse que a amava. Nenhuma vez. Depois de um dia terrível na escola, ela correu pra casa chorando. Profundamente machucada e soluçando, ela arriscou correr para o colo de seu pai para ser confortada. Ele a evitou. Sua mãe, ela sabia que a amava, mas mesmo assim, não expressava muito carinho. Não era permitido à minha mãe ter amigos em casa para brincar, pois eles iriam estragar as coisas da casa. Sala de estar não era para estar, mas para olhar. Os objetos da casa eram da mãe dela e era expressamente proibido tocar neles ou mudá-los de lugar.
Um dia, quando sua mãe estava entretendo convidados, minha mãe estava no andar de cima no banheiro. Como uma boa garota, ela sempre lavava as mãos depois de usar o banheiro. Então uma coisa muito ruim aconteceu. Ela não conseguiu fechar a torneira de volta. Numa casa com regras muito rígidas, ninguém poderia interromper quando seus pais recebiam visitas. A água escorria algo estava quebrado. Minha mãe era responsável. Ela ia ter problemas de toda forma. Então, minha mãe fez o que todos nós fazemos quando erramos e temos medo que os outros descubram. Ela se escondeu. A água ensopou o chão infiltrando no teto e pingando na cabeça das visitas no andar debaixo. Ela ter escondido, assim como quando nós escondemos, faz com que as coisas ficassem piores.

‘Eu estava com medo por que eu estava pelada, então eu me escondi’ Gen 3:10.

Uma das meninas que morava comigo na época de faculdade era uma mulher muito bonita, mas ela não sabia. Ela era boa, engraçada, inteligente e brilhante. Ela também era tímida e medrosa. Ela passava noites assistindo sua TV própria. Recusando convites para sair, ela ficava lá noite após noite por meses. Machucada, de coração partido de forma que a única conclusão era que ela achava refúgio nas comédias e comidas. Insegura de mais para entrar no mundo, então, ela se escondia. Somente se contentava em freqüentar as aulas e estocar sua comida.
Mulheres que se escondem são aquelas que nunca falam em um estudo bíblico ou reunião. Aquelas que quando vêem um vestido bonito em uma loja falam ‘Eu nunca poderia usar isso’. Nós nos ocupamos em festas de família que não podemos evitar. Escondemos-nos por detrás de nossa maquiagem. Escondemos-nos atrás de nosso humor, com silêncios de raiva e isolamentos de punição. Nós escondemos nosso verdadeiro eu e mostramos o que acreditamos que é desejável e o que achamos ser seguro de se mostrar. Nós agimos de maneira defensiva e nos recusamos a oferecer o que realmente vemos, acreditamos e sabemos. Não vamos nos arriscar à rejeição ou a parecermos bobas. Já falamos no passado e fomos encaradas com olhares de deboche. Não Vamos fazer isto de novo. Escondemos-nos por que temos medo. Nós fomos machucadas profundamente. As pessoas pecaram contra nós e nós pecamos também. Para nós, esconder significar segurança em um lugar sem dor. Pelo menos é o que pensamos. No esconder, tomamos o controle das coisas em nossas próprias mãos. Não voltamos para nosso Deus com nossos corações quebrados e desesperados. E não passa por nossa cabeça que nessa de esconder, algo precioso também é perdido – Algo que o mundo quer muito de nós.

Permissiva

Não importa se tendemos a dominar, controlar, ou a nos isolar no nosso desolamento nos escondendo, ainda existe uma dor que fica. Os mais profundos desejos em nossos corações não vão embora. Ai então, nos permitimos. Compramos coisas legais quando não estamos nos sentindo apreciadas. Nós comemos mais sorvete quando nos sentimos sozinhas. Nós nos transportamos para o mundo da fantasia para achar alguma água para nossos corações sedentos.
Romances, novelas, programas de TV, fofoca e as inúmeras revistas femininas que alimentam um sonho relacional que substitua a realidade. Mas nenhuma destas coisas realmente satisfaz. Então, nos encontramos tentando encher esse vazio com pequenas permissividades (nós as chamamos de hábitos ruins). Brent Curtis as chama de ‘pequenos casos de amor de nossos corações’. Essas pequenas permissividades são o que nós nos damos em vez de nos dar para o coração de Deus.
Ficamos sonhando acordadas no trânsito. Imaginamos conversas significativas onde falamos brilhantemente. Nós gastamos nossas imaginações em romances baratos, nos imaginando como uma bela heroína – atraente desejada e bonita. Nós somos grandemente criativas em nossas empreitadas permissivas, nossos adultérios de coração. Certamente, nós não nos limitamos em somente uma.
Pare um minuto e considere as suas. Para onde você vai quando sua ferida do coração começa a aparecer? Gastando dinheiro demais, jogando, descartando pessoas, comprando, bebendo, trabalhando, fazendo exercícios. Quando enchemos nossos corações de dúvida, pensamentos condenadores, ou até vergonha (pelo fato dessas emoções já serem familiares e confortáveis) nós estamos sem fé, nos permitindo ao invés de permitir que essa dor nos leve para mais perto de Deus.
Infelizmente, essas pequenas permissividades nos fazem sentir bem... por um tempo. Elas parecem funcionar, mas na verdade só aumentam nossa necessidade de nos permitir mais ainda. Esse é o pesadelo do vício. Mas isso vai muito além de ‘drogas’. Nós damos nossos corações para todo tipo de outros amantes que requer nossa atenção e que nos façam permitir de novo. Nós saboreamos o que achamos que é bom, nossos anseios param de doer tanto, por um minuto, e mais tarde nos encontramos vazios de novo. Precisamos ser preenchidas mais uma vez.
As maneiras que arrumamos para anestesiar nossas dores, nossos anseios, e nossas feridas não são benignas. Elas são malignas. Elas se impregnam nas nossas almas como câncer e assim, se tornam vícios que são cruéis para conosco. Nós as buscamos para um pouco de alivio para as mazelas das nossas vidas. Os vícios nos aprisionam em correntes que nos separam do coração de Deus e dos outros também. Isso é uma prisão solitária que nós mesmos construímos. Cada pequena parte desta corrente corresponde a escolhas permissivas que fazemos ao longo do tempo. ‘Nossos amantes se entrelaçaram com nossas identidades, de modo que as deixar isso ir adiante, parece mais com uma morte pessoal... Nós imaginamos se seria possível viver sem eles’(O Romance sagrado)
Não precisamos ter vergonha do fato que nossos corações doem que somos famintos e sedentos por mais. Todos os nossos corações doem. Todos os nossos corações estão insatisfeitos e de alguma forma querendo algo e desejando algo. É nossa necessidade insaciável por algo que nos leva para o nosso Deus. O que precisamos ver é que nosso controle, nosso ato de esconder e nossa permissividade nos separam dos nossos próprios corações. Nós perdemos contato com esses desejos que nos fazem mulheres. E quando os substituímos, jamais resolvemos as questões profundas de nossas almas.

O medo de Eva

Toda mulher sabe que ela não é o que ela foi criada para ser. Ela tem medo que isso vai ser descoberto – se já não o foi ainda – e tem medo de ser abandonada. Deixada sozinha para morrer sua morte de coração. Esse é o maior medo do coração da mulher – abandono. Não é? Em vez nos voltarmos para Deus, para reverter à postura que nos colocou nessa situação de crise, nós continuamos no mesmo caminho para tentar nos proteger do perigo deste mundo imprevisível.
Mas no fundo dos nossos corações, nossa pergunta permanece. Não respondida. Ou pior, respondida pessimamente em nossa juventude. Eu sou amável? Você me vê? Você quer me ver? Você é cativado pelo que você vê em mim? Nós vivemos assombradas pela pergunta ainda desconhecida que deve ser respondida.
Quando somos jovens, nós não sabemos nada sobre a Eva e as conseqüências do que ela fez para nossas vidas. Como nos afeta. Nós não estamos trazendo essa pergunta primeiro para Deus. Estamos nos dando às respostas mais dolorosas. Nós estamos machucadas acreditando em coisas horríveis sobre nós mesmos. Assim, toda mulher vem ao mundo caminhando para uma terrível quebra de coração.