sexta-feira, 18 de maio de 2007

Cap.05 - Um ódio em especial

A tempestade já passou. E Stasi está chorando. Ela tinha colocado tanto amor e carinho naquele jardim durante anos. Muitas muitas horas dedicadas amorosamente para criar um lugar de beleza marcante. Escolhas especiais foram feitas; sementes transplantadas com cuidado; fertilizadas. Ela as podou, aguou e protegeu contra as pragas. Ela retirou plantas, colocou-as em outro lugar, procurando o melhor local para cada uma delas. O resultado final foi esplêndido. As pessoas andavam perto de nossa calçada, paravam e admiravam – era muito bonito. Rosas selvagens, Lavanda e Esporas-bravas, gramado, Margaridas Shasta – mais cores e texturas do que eu sou capaz de descrever. Um lugar para descansar e se aconchegar, um refúgio do mundo. Um pedaço do Éden.
Até ontem à noite.
A tempestade de granizo começou por volta das seis da tarde. No início, não parecia ameaçadora. O verão trás algumas chuvas de granizo todo ano nas Montanhas Rochosas, pedras do tamanho de ervilhas, com duração de dez minutos somente. A tempestade desta vez começou com pedras do tamanho de bolas de gude; após 15 minutos eram do tamanho de bolas de golfe, caindo como se toda a enchente de Noé tivesse virado gelo. Choveu durante quarenta minutos, sem descanso, arrancando galhos das árvores, tornando lixo todas às coisas vivas, como uma praga do Antigo Testamento. E quando a chuva finalmente passou para o outro lado da montanha o jardim de Stasi estava destruído.
Eu fiquei olhando para fora da janela em choque e com pesar. O verão é tão curto aqui; são só poucos meses para aproveitar as flores e o verde. Mas isto – isto era um abuso. Beauty ravaged beyond recognition. Enquanto conversávamos sobre a devastação, nós dois voltamos nosso pensamento... para Eva. Esta ruína de um jardim é uma ilustração, uma metáfora terrivelmente condizente com o que aconteceu à Coroa da Criação. Quão maior a dor e quão maior a perda quando falamos da vida e do coração de uma mulher.
Sim, as mulheres foram destituídas da graça. Sim, elas foram feridas. Mas para entender as dúvidas permanentes do seu coração a respeito da sua feminilidade, para entender por que é tão raro encontrar uma mulher verdadeiramente viva e vibrante, você deve ouvir um pouco mais sobre a história.

Um abuso maior

Quando eu era uma adolescente – uma menina virando mulher – eu tinha praticamente me divorciado da minha família. Minha irmã mais velha havia se mudado para a Europa (Ela tinha ido passar férias de três meses e acabou ficando por lá durante sete anos. Acho que isto pode te dizer algo sobre como minha vida em casa era.). Meu irmão havia se mudado também, assim como também o havia feito minha outra irmã. Eu sobrei em casa para terminar o colégio. Meus pais começaram a me dar um pouco da atenção eu tanto queria quando era uma criança, mas era muito tarde. Meu coração já tinha examinado a situação. Ele estava muito bem escondido. Diante deles eu vivia como uma “boa aluna”. Fora de vista, eu vivia uma vida bem diferente.
Eu usava álcool e drogas para adormecer a dor das minhas feridas. E, como muitas outras garotas cujos corações foram ignorados ou intencionalmente feridos por seus pais fazem, eu procurei os garotos, e depois os homens para me apaixonar. Pelo menos, eu me convencia, eu era desejada por algo, nem que fosse só por uma noite.
Eu fui à Europa no meu último ano de faculdade. Fiquei apaixonada pela beleza, assim como minha liberdade sem fronteiras que experimentei lá. Mas mulher um jovem, rebelde e imatura, com tickets para trens europeus e um coração sangrando atraía uma atenção cruel. Enquanto viajava pela Itália, fui abusada sexualmente e, apesar de estar furiosa com o homem, no fundo do meu coração eu sentia que merecia o assédio de alguma forma. Eu acreditava que tinha trazido isto a mim mesma. Eu havia concordado com o inimigo da minha alma que eu era uma pessoa horrorosa, que eu merecia somente a dor. Mais tarde, no sul da França, eu me coloquei em uma situação perigosa sem querer. Após vários drinks em um bar da cidade, uma amiga e eu aceitamos uma carona de volta para o hotel de uns homens com quem estávamos bebendo. Você deve estar balançando sua cabeça enquanto lê isso, sabendo o que está por vir. Eu estou. A carona oferecida por eles não nos levou de volta para o hotel, mas a um local privado onde eu fui estuprada.
Entrei em estado de choque após o assédio. Eu me lembro de descobrir novos hematomas e arranhões com certa descrença. Mas eu não estava com raiva, estava apavorada. Eu me sentia indignada com os violadores – mas, profundamente, certa vergonha e nojo de mim mesma. Eu queria ser uma boa mulher. Queria ser uma mulher valiosa. Queria ser uma mulher forte. Mas não sentia nada do tipo. Eu havia comprado e usava um colar que amava. Era o símbolo feminino com um punho cerrado no meio. Eu estava usando o colar como uma feminista convicta para mostrar minha independência e força – e eu acabei me escondi no quarto do hotel. Estava apavorada pelos homens e por minha beleza. A beleza era perigosa. Eu acreditava que havia atraído os assédios; isso me causou uma dor impronunciável e, com ela, como muitas mulheres sabem uma vergonha que não cessa.
Quando voltei para a escola, contei ao meu namorado o que havia acontecido. A resposta dele foi: “Você provavelmente mereceu isto.” Nós tínhamos como você pode ver um relacionamento abusivo. Ele era verbalmente agressivo e nervoso. Eu não recebia compaixão dele, nenhuma palavra de conforto. Ele não estava nem um pouco bravo com as pessoas que me abusaram. A mensagem das feridas da minha infância foram dolorosamente reforçadas. Esconda seu coração. Você é um desapontamento. Você não vale nada. Ninguém se importa. Você está só.
Se você ouvir atentamente a estória de qualquer mulher, ouvirá um tema: o abuso em seu coração. Isto pode ser óbvio nas estórias de abuso físico, verbal ou sexual. Ou pode ser mais sutil, a indiferença de um mundo que se não se importa com ela, mas a usa até que ela esteja completamente sugada. Quarenta anos de negligência também trazem danos ao coração de uma mulher, caros amigos. Nos dois casos, as feridas continuam a surgir muito tempo depois de termos “crescido”, mas todas elas parecem falar a mesma coisa. Nossa Questão é respondida diversas vezes durante nossas vidas, a mensagem dirigida ao nosso coração como uma lança.
Melissa é a garota da qual nós falamos, cuja mãe a espancava. Ela eventualmente saiu de casa aos 19 anos.
“Eu me casei com um homem que estava se tornando um jovem pastor. Eu achava que teria que me casar com ele, já que eu era tão repugnante e nunca teria outra chance. Ninguém mais me queria. Eu era virgem quando me casei e me dei ao meu marido como minha maior oferta. Na manhã seguinte ao nosso casamento, eu rolei para perto do meu marido e comecei a beijá-lo. Ele me empurrou para o lado e disse não estar no clima. Depois da noite do nosso casamento nós não fizemos amor novamente por uma semana. Ele não me tocava e não parecia nem um pouco interessado em mim. Eu fiquei devastada. E, mais uma vez, minha Questão foi respondida da mesma forma.”
Como mulheres, temos a tendência de sentir que “o problema deve ser eu”. Esse é o efeito das nossas feridas anteriores. “Alguma coisa está muito errada comigo.” Tantas mulheres se sentem da mesma forma. (Porque estamos trabalhando tão duro para melhorarmos a nós mesmas? Ou porque ficamos tão ocupadas para que os problemas do nosso coração nunca venham à superfície?) Também sentimos que estamos essencialmente sozinhas. E de, alguma forma, essas duas coisas estão relacionadas. Acreditamos estar sozinhas porque não somos as mulheres que deveríamos ser.
Não nos sentimos dignas de amor. Então penduramos uma placa de “não perturbe” em nossas personalidades, mandamos uma mensagem de “se afaste” ao mundo. Ou procuramos amor desesperadamente, perdendo todo nosso auto-respeito em uma promiscuidade emocional e física. Não sentimos que somos insubstituíveis, então tentamos nos tornar úteis. Não acreditamos que somos bonitas, então nos esforçamos para sermos bonitas externamente ou deixamos “que nós mesmas nos perdamos” e nos escondemos por trás de uma pessoa nada atrativa. Esforçamos de muitas formas para proteger nossos corações de dores que podem surgir.

O que está realmente acontecendo aqui?

“Eu estava dormindo quando o ataque em Disa começou. Fui levada por atacadores, todos vestindo uniforme. Eles levaram dúzias de outras garotas e nos fizeram andar por três horas. Durante o dia, apanhávamos e eles nos diziam ‘Você, a preta, nós vamos te exterminar, você não tem nenhum deus’. Durante a noite, éramos estupradas diversas vezes. Os árabes nos guardavam com armas e não nós recebemos comida por três dias.” (Mulher do Sudão, citada na reportagem Anistia Internacional).

A estória do tratamento das mulheres durante os séculos não é uma história nobre. Existem momentos nobres nela, com certeza, mas vista como um todo, mulheres passaram por algo que parece ser um ódio em especial desde que deixamos o Éden. A estória que acabamos de citar é somente uma de milhares, não só do Sudão, mas de muitos países destruídos pelas guerras. Abuso sexual é muito comum nestas guerras ‘civis’. Agora, os dias de Stasi como militante passaram há muito. O que você faz a respeito degradação, do abuso que mulheres pelo mundo já sofreram e sofrem agora?
Até setenta anos atrás, menininhas nascidas na China que não eram deixadas na estrada para morrerem, normalmente tinham seus pés atados para que eles ficassem pequenos. Pés pequenos era sinal de beleza feminina e eram valorizados pelos futuros-maridos. Elas eram aleijadas, o que era provavelmente a outra razão pela quais os homens gostavam dos pés daquele jeito. As mulheres tinham seus pés atados quando criança e agüentavam toda aquela dor durante a vida toda, impossibilitadas e andarem livremente ou com rapidez. Apesar de a prática ter sido extinta pela lei em 1930, continuou sendo feita por muitos anos depois disso.
Você deve saber que durante os milhares de anos que a história dos Judeus foi registrada no Antigo Testamento, as mulheres Judias eram consideradas propriedade, sem direitos legais (assim como o foram e são em muitas outras culturas). Não era permitido a elas estudar a Lei ou educar formalmente seus filhos. Elas tinham um espaço segregado nas sinagogas. Era uma prática comum para um Judeu falar em suas orações diárias ‘Obrigado, Deus, por não me fazer um gentio, uma mulher ou um escravo’.
Um provérbio Chinês diz que “uma mulher deve ser como água; ela não deve ter forma nem voz”. Um provérbio Indiano diz, “educar uma mulher é como aguar o jardim do seu vizinho”, querendo dizer, claro, que educar uma mulher é tanto estúpido quanto uma perda de tempo. No Hinduísmo, uma mulher tem menos valor que uma vaca. No Islamismo, uma mulher requer três homens para verificar sua estória no tribunal para que seu testamento seja validado. Seu testemunho, seu valor, é um terço dos de um homem.
A estória vai além da renúncia à educação e aos direitos legais. Clitoridectomia é a remoção, ou circuncisão, do clitóris. Uma prática dolorosa e horrível, a mutilação da genitália feminina continua a existir nos dias de hoje e é feita em meninas quando atingem a idade de cinco anos. Feita principalmente na África, a cirurgia normalmente acontece na selva, com o uso de uma pedra afiada. Infecções são comuns. Às vezes a menina morre. A mulher fica para sempre marcada, e nunca poderá desfrutar do prazer sexual – e este é o problema. Uma mulher sexualmente consciente é considerada perigosa. Feminilidade deve ser controlada.
Violência sexual contra mulheres tem um número crescente por todo o mundo. O mesmo acontece com a violência contra meninas. Mais de um milhão de meninas são vendidas para o mercado do sexo todo ano. Deus querido – de onde vem esse abuso sistêmico, muitas vezes brutal, quase universal à feminilidade? De onde vem tudo isso? Não comenta o erro de dizer que “os homens são o inimigo”. Certamente os homens tiveram uma mãozinha nisto tudo e terão a chance de reconhecê-lo diante do Criador. Mas você não entenderá esta estória – ou a sua estória – até que comece a ver algumas forças agindo por trás disso e dê uma olhada em seus motivos.
De onde vem esse ódio pelas mulheres, visto em todo o mundo? Porque é tão diabólico?

Um ódio em especial

“Pois nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo das trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.” (Efésios 6:12)
O abuso à feminilidade – sua longa história – não pode ser entendido separadamente das forças espirituais nas quais somos advertidos nas Escrituras. Não estamos dizendo que homens (e mulheres, pois elas, também, abusam de mulheres) não têm nenhuma responsabilidade na forma com que tratam as mulheres. Nada disso. Estamos simplesmente dizendo que nenhuma explicação sobre o abuso de Eva e suas filhas é suficiente a menos que abra seus olhos para o Príncipe das Trevas e seu ódio especial pela feminilidade.
Volte sua atenção para os eventos que ocorreram no Jardim do Éden. Perceba – atrás de quem o mal vai? Quem Satanás escolhe para seu golpe contra a raça humana? Ele poderia ter escolhido Adão... mas não o fez. Satanás foi atrás de Eva. Ele colocou seus olhos nela. Você já se perguntou por quê? Pode ter sido porque ele, como todo predador, escolheu o que achava ser o mais fraco dos dois. Existe alguma verdade nisso. Mas acreditamos que há mais. Porque Satanás faz de Eva o foco de seu abuso à humanidade?
Você deve saber que Satanás era chamado Lúcifer, ou filho da manhã. Esse nome incorpora glória, brilho, uma radiação única. Nos dias de sua glória, ele foi escolhido anjo-da-guarda. Muitos acreditavam que ele era o capitão do exército de anjos de Deus. O guardião da glória do Senhor.

“Filho do Homem, erga um lamento a respeito do rei de Tiro e diga-lhe: Assim diz o Soberano, o Senhor:
‘Você era modelo da perfeição,
cheio da sabedoria
e da perfeita beleza.
Você estava no Éden,
no jardim de Deus;
todas as pedras preciosas o enfeitavam:
sárdio, topázio e diamante,
berilo, ônix e jaspe,
safira, carbúnculo e esmeralda.
Seus engates e guarnições
Eram feitos de ouro;
Tudo foi preparado
No dia em que você foi criado.
Você foi ungido
Como um querubim guardião,
Pois para isso eu o designei.
Você estava no monte Santo de Deus
e caminhava.” (Ezequiel 28:12-14)

Perfeita beleza. Essa é a chave. Lúcifer era maravilhoso. Ele era de tirar o fôlego. E esta foi à ruína para ele. Orgulho entrou no coração de Lúcifer. O anjo começou a acreditar que estava sendo traído de alguma forma. Ele queria ser louvado que estava sendo dado a Deus. Ele não queria ter um mero papel na estória; ele queria que a estória fosse sobre ele. Ele queria ser uma estrela. Ele queria atenção, a adoração para ele próprio. (“Espelho, espelho meu...”)

“Seu coração tornou-se orgulhoso
por causa da sua beleza,
e você corrompeu sua sabedoria
por causa do seu esplendor.
Por isso eu o atirei a terra;
Fiz de você um espetáculo
Para os reis.” (Ezequiel 28:17)

Satanás caiu por causa da beleza. Agora seu coração vingativo quer abusar da beleza. Ele destrói a beleza no mundo natural em todos os lugares possíveis. Minas, derramamento de óleo, incêndios, Chernobyl. Ele espalha destruição na glória de Deus na terra como um psicopata destruindo incríveis trabalhos de arte.
Mas, especialmente, ele odeia Eva.
Porque ela é cativante, unicamente gloriosa, o que ele não pode mais ser. Ela é a encarnação da beleza de Deus. Mais do que qualquer coisa na Criação, ela personifica a glória de Deus. Ela convida o mundo a Deus. Ele odeia Eva com tanta inveja que só é possível de imaginar.
E tem mais. Satanás também odeia Eva porque ela dá vida. Mulheres dão à luz, não homens. Mulheres amamentam vidas. E elas também levam vida para o mundo mentalmente, relacionalmente e espiritualmente – em tudo o que elas tocam. Satanás é um assassino desde o começo (João 8:44). Ele traz morte. Seu reino é o da morte. Rituais de sacrifício, genocídio, o Holocausto, aborto – essas são as idéias dele. E Eva é a maior ameaça humana, pois ela leva vida em si. Ela é uma salva-vidas e uma doadora de vida. Eva significa “vida” ou “produtora de vida”. “Adão deu à sua mulher o nome de Eva, pois ela seria mãe de toda a humanidade” (Gen. 3:20).
Coloque todas essas coisas juntas – o fato de Eva escarnar a beleza de Deus e dar vida ao mundo. O coração amargo de Satanás não pode agüentar. Ela abusa dela com um ódio especial. A história tira todas as dúvidas sobre isso. Você está começando a perceber?
Pense nas grandes estórias – em quase todas, o vilão vai atrás do grande amor do Herói. Ele volta seus olhos para a beleza. Magua vai atrás de Cora em “O Último dos Moicanos”. Longshanks vai atrás de Murron em “Coração Valente”. Commodus vai atrás da mulher de Maximus em “Gladiador”. A bruxa ataca a bela adormecida. As irmãs atacam Cinderela. Satanás vai atrás de Eva.
Isto explica muita coisa. Não é para te assustar. Na verdade, isto trará muita luz para a estória da sua vida, se você permitir. A maioria de vocês já pensou que coisas que lhe aconteceram era sua culpa – que você merecia. Se você fosse mais bonita ou mais inteligente, ou tivesse feito mais ou agradado a eles, de alguma forma não teria acontecido. Você teria sido amada. Eles não teriam te machucado.
E a maioria de vocês está vivendo com o fardo de que, de algum jeito, a culpa é sua se você não está sendo profundamente querida agora. Que você não tem um papel importante em uma grande aventura. Que você não tem beleza para revelar. A mensagem das nossas feridas é sempre “Isto é por sua causa. Isto é o que você merece”. Tudo muda quando perceber que é porque você é gloriosa que estas coisas acontecem. É porque você é uma grande ameaça ao reino das trevas. Porque você carrega a glória de Deus unicamente.
Você é odiada por causa de sua beleza e poder.

Em um nível humano

Eu (John) tenho uma confissão a fazer: eu não queria ser co-autor deste livro. Ah, sim, eu achava que deveria ser escrito. Precisava ser escrito. Eu só não queria ser a pessoa a fazê-lo. Eu sabia que isto iria requerer de eu entrar no mundo das mulheres – e no mundo da minha mulher – eu um nível muito mais profundo do que a vida diária me pede. Fazer justiça a um livro para mulheres iria requerer de eu ir muito mais profundo, escutar mais atentamente, estudar, mergulhar no mistério (okay – uma grande bagunça) da mente de uma mulher. Parte de mim não queria ir lá. Eu tive o que pareceu mais uma reação alérgica. Para trás. Afaste-se.
Eu estava muito consciente de tudo isso acontecendo dentro de mim, e me senti um idiota. Mas eu também sabia o bastante sobre mim e sobre a batalha que tenho quando o assunto é o coração das mulheres. O que é esta coisa em mim – e na maioria dos homens – que não quer ir fundo no mundo das mulheres? Você é demais. Muito difícil. Dá muito trabalho. Homens são mais simples. Fáceis. Não é essa mesma mensagem que você recebeu sua vida inteira como mulher? “Você é muito. Você não é o bastante. Você não vale meu esforço.” (E porque é um esforço tão grande? Deve haver algo de errado com você).
Agora, parte da relutância fundamental de um homem para mergulhar no mundo de uma mulher vem do maior medo do homem: falha. Ah, ele faz uma piadinha sobre “as diferenças entre homens e mulheres”, Marte e Vênus e tudo aquilo. Mas a verdade é: ele está com medo. Ele teme que, ao entrar no mundo de uma mulher, ele não terá o que é suficiente para ajudá-la. Isto é pecado. Isto é covardice. E por causa da vergonha dela, a maioria dos homens escapa disso. A maioria dos casamentos (e namoros de longa duração) chega a esse tipo de acomodação. “Não vou chegar mais perto. Isto é o mais longe que eu espero ir. Mas, não vou te deixar, eu tenho que te fazer feliz.” E então acontece este tipo de acordo cordial de viver somente junto.
O efeito disso é que a maioria das mulheres se sente sozinha.
Boa parte disso é simplesmente egoísmo da parte do homem. Deus sabe o quanto os homens são egoístas e auto-centrados. Quando Eva foi ‘abusada’ pela primeira vez, Adão não a defendeu. O pecado dos homens através da violência ou da passividade. É simples assim.... e horrível.
Mas tem outra coisa. Existe mais maldade trabalhando aí. Tivemos uma reunião incrível alguns meses atrás que foi – para mim pelo menos – uma surpresa desvendada desse mistério.
Stasi e eu nos reunimos com homens e mulheres do nosso ministério que fariam o retiro dos homens e das mulheres. O time dos homens queria oferecer seu conselho e apoio e oração para o para o evento das mulheres que estava por vir. Era a chance das mulheres – e todas elas são mulheres muito, muito incríveis – de abrir seus corações para nós e falar de como as coisas estavam indo.
Nossa reunião passou rapidamente de questões externas – quanto tempo as palestras durariam e como seria a logística dos retiros – para o mundo interno do próprio time das mulheres. Assim que começamos a conversar mais intimamente, algo começou a acontecer comigo. Uma sensação, uma inexplicável, mas forte impressão.

Afaste-se.

Foi isso que eu senti. Ninguém disso isso; nada que eles estavam fazendo levou a isso; não foi uma voz na minha cabeça. Só uma impressão muito forte. Eu não estava certo de onde estava vindo, mas esta relutância forte, este sentimento de “talvez não devêssemos ir a fundo com isso” estava crescendo em mim, ou me cobrindo, cada vez que a nós íamos mais e mais fundo nas vidas delas. A cada passo que dávamos em direção ao coração delas, eu sentia isso mais forte, queria acabar com a conversa, escapar, sair dali. Observando com cuidado, eu vi que esta questão era algo muito grande para mim.
Eu sabia que, como homem, este não era meu desejo verdadeiro para o coração das mulheres. Eu as amo. Eu quero lutar por elas. Eu sabia também que aquilo não era o desejo do coração delas. Então eu interrompi o fluxo da conversa com o que pareceu uma questão sem nexo para as mulheres: “Vocês se sentem sozinhas nisso?” Silêncio. Depois, lágrimas, muitas lágrimas de lugares profundos no coração de cada uma delas. “Sim”, todas elas disseram. “Sentimos sim”. Mas eu sabia que era muito maior do que somente os retiros. “Vocês sentem o mesmo em suas vidas também, quero dizer, genericamente, enquanto mulher?” “Sim, absolutamente. Eu me sinto sozinha a maior parte do tempo.”.
Agora, você deve entender que cada uma dessas mulheres tem relacionamentos profundos e significativos em suas vidas. Eu sabia que, se elas se sentiam sozinhas, meu Deus, o que sentiriam outras mulheres? E esta mensagem de afaste-se – se nós sentimos isso após anos de luta por elas, o que deveriam sentir os outros homens? Eu aposto que eles só não identificaram isto ou colocaram em palavras, mas garanto que já sentiram o mesmo... e provavelmente acharam que era só o que eles, ou suas mulheres, ou ambos queriam.
Afaste-se ou deixe-a em paz ou você não quer mesmo ir até lá – ela vai ser mais do que você pode agüentar são coisas que Satanás armou contra cada mulher desde o dia em que elas nasceram. É emocional ou espiritualmente equivalente a deixar uma garotinha a beira da estrada para morrer. Para cada mulher ele sussurrou: “Você está sozinha” ou “Quando você entender quem você realmente é você ficará sozinha” ou “Ninguém nunca virá por você”.
Pare um momento. Acalme seu coração e se pergunte, “Será que isto é algo em que acreditei, temi, convivi?”. A maioria das mulheres não só temem ser abandonadas pelos homens em suas vidas – elas temem o mesmo de outras mulheres também. Que elas serão abandonadas por suas amigas, deixadas sozinhas. È hora de revelar esta ameaça, este medo, esta mentira terrível.
Estou lembrando de uma cena de “As Duas Torres”, o segundo filme da trilogia de “Senhor dos Anéis”. Acontece na terra de Rohan, no corredor do rei, nos aposentos da adorável Éowyn. Ela é a sobrinha do rei, a única mulher na corte. Seu primo querido, Théodred, o filho do rei, tinha acabado de morrer das feridas causadas em uma batalha. Ela chorava a perda dele quando Wormtongue – suposto conselheiro do rei, mas uma criatura má – entra em seus aposentos e lança seu feitiço.

WORMTONGUE: Ó. ele deve ter morrido durante a noite. Que tragédia para o rei perder seu único filho e herdeiro. Eu entendo que sua morte seja difícil de aceitar. Especialmente agora que seu irmão te desertou. (Wormtongue tinha providenciado tudo para que ele fosse banido).

ÉOWYN: Deixe-me sozinha, sua cobra!

WORMTONGUE: Oh, mas você está só. Quem sabe o que você tem falado as trevas vê sua vida se encolher, os seus muros se fechando. Uma coisa selvagem, corrida. (Ele pega a face dela em suas mãos). Tão bela.....tão fria. Como uma manhã pálida, ainda se prendendo ao frio do inverno.

ÉOWYN: (Finalmente se afastando dele). Suas palavras são veneno.

Oh, mas você está sozinha. Essa é a atitude do mal diante de você. Ele brinca com o maior medo da mulher: abandono. Ele arranja tudo para que ela seja abandonada, e ele coloca suas mãos em cada evento para que possa parecer abandono.

Existe Esperança

Eu não estou livrando os homens. Deus sabe que nós temos muitas coisas pelas quais devemos nos arrepender. Eu estou dizendo que você não vai começar a entender o longo abuso à feminilidade, nas mulheres, até que você veja isto como parte de algo muito maior. A força mais irada que o mundo já conheceu. O Inimigo carrega um ódio especial por Eva. Se você acredita que ele tem algum papel na história deste mundo, você não pode deixar de ver isso.
O Mal tem uma mãozinha em tudo que já aconteceu a você. Se ele não preparou tudo diretamente – e, certamente, o pecado humano tem uma grande responsabilidade nisto – então ele se certificou de que as mensagens das suas feridas fossem para o seu coração. Ele é a quem te ameaça com vergonha, dúvidas de quem você é, acusação. Ele é quem te oferece o falso conforto para aprofundar sua atadura. Ele é quem fez essas coisas a você para barrar sua restauração. Pois é isso que ele teme. Ele teme quem você é; o que você é; o que você pode se tornar. Ele teme sua beleza e seu coração doador de vida.
Agora escute a voz do sei Rei. Este é o coração de Deus para você:


Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não descansarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua salvação como uma tocha acesa.
E as nações verão a tua justiça, e todos os reis a tua glória; e chamar-te-ão por um nome novo, que a boca do Senhor designará.
Também serás uma coroa de adorno na mão do Senhor, e um diadema real na mão do teu Deus. Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se denominará Desolada; mas chamar-te-ão Hefzibá, e a tua terra Beulá; porque o Senhor se agrada de ti; e a tua terra se casará.
Pois como o mancebo se casa com a donzela, assim teus filhos se casarão contigo; e, como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus. (Isaías 62:1-5)



Portanto todos os que te devoram serão devorados, e todos os teus adversários irão, todos eles, para o cativeiro; e os que te roubam serão roubados, e a todos os que te saqueiam entregarei ao saque.
Pois te restaurarei a saúde e te sararei as feridas, diz o Senhor; porque te chamaram a repudiada, dizendo: É Sião, ao qual já ninguém procura.
(Jeremias 30:16-17)

Você não entenderá mesmo sua vida como mulher enquanto não entender isto:
Você é apaixonadamente amada pelo Deus do universo.
Você é apaixonadamente odiada pelo Inimigo.

E assim, querido coração, é hora da sua restauração. Pois existe alguém maior que o inimigo. Alguém que procura por você desde o começo dos tempos. Ele veio curar seu coração partido e restaurar seu coração feminino. Vamos nos voltar para Ele.

Nenhum comentário: