domingo, 20 de maio de 2007

Cap.06 - Curando a ferida

“Eu não sabia o que estava errado comigo,
até que seu amor me ajudou a dar nome ao meu problema”
Aretha Franklin

“No final dessas ruas muito antigas
No final dessas estradas muito antigas
Baby, temos que ir lá juntos
Até que encontremos a cura”
Van Morrison

Há uma hora atrás, um beija-flor estava preso na nossa garagem.
Eles vêm para o Colorado no verão, para acasalarem-se e fazerem seus ninhos e para fazerem a festa nas flores que enchem nosso jardim. Amamos vê-los voando de um lado para o outro, pairando, fazendo acrobacias no ar. Primeiro, eles voam bem alto, acima de aproximadamente 30 pés, como um helicóptero ou como aqueles cata-ventos com que brincávamos quando éramos crianças, depois mergulham tão rápido quanto conseguem, indo de ponta para no último momento possível alçar vôo de novo, indo para o alto para fazer isso de novo. E de novo. Eles são a plenitude da brincadeira espremida em um pequeno tamanho.
Se você olhar de perto, esses delicados passarinhos brilham como esmeraldas, peitos verdes e brilhantes não maiores que seu dedão, mas reluzentes como jóias de uma coroa. Outros têm gargantas de um vermelho profundo e brilhante que resplandece ao sol como rubis. Eles são como arco-íris vivos, voando por nosso quintal – algo fora de um conto de fadas. Sem preocupações, amáveis lembranças de Deus. E então, hoje, uma confundiu a porta da garagem que estava aberta com uma nova passagem, e uma vez que ela voou para dentro, não podia achar o caminho de volta. Pobrezinha. Ela ficou crescentemente apavorada enquanto se debatia contra a janela, desesperadamente tentando voltar para o mundo que ela podia ver diante dela, bloqueada por um tipo de campo protetor invisível.
Meu filho Blaine foi resgatá-la. O irmão dele Sam conseguiu que alguns desses “prisioneiros” se apoiassem em uma longa vara, que ele, então, levava para fora e, assim, eles podiam voltar para a vida. Mas essa se apavorou mais ainda, cruzando a garagem em direção a outra janela que ela percebera como saída. Ela trombou contra a janela em velocidade máxima e caiu no chão. Blaine a pegou com um par de luvas em suas mãos e a levou para fora para ver se podia reavivá-la. Por uns 15 minutos as coisas não pareciam ir bem, mas de repente ela voltou à vida e voou de novo.
O que me impactou foi a compaixão e preocupação que todos nós sentimos para resgatar essa pequena jóia. A família toda deixou de lado o que estava fazendo e se envolveu. (Você não se sentiu mal por ela enquanto eu contava sua história?) Agora, Jesus disse, vocês não acham que Deus se preocupa um pouco mais com você do que com os pássaros do céu? Você não é muito mais valioso do que eles? (Mat. 6.26). De fato, você é. Você, querida, é a coroa da criação, portadora de sua gloriosa imagem. E Ele vai fazer tudo o que for necessário para resgatá-la e libertar seu coração.

A Oferta

Stasi e eu vivemos muitos de nossos anos de vida cristã em boas igrejas, igrejas que nos ensinaram o lugar de adoração e sacrifício, fé e sofrimento, e nos deram um amor pela Palavra de Deus. Mas em todos esses anos, o ministério central de Jesus nunca nos foi explicado. Nós entendíamos, como a maioria dos cristãos, que Cristo veio para nos resgatar do pecado e da morte, para pagar o preço pelas nossas transgressões através de seu sangue derramado na cruz para que nós pudéssemos ser perdoados, pudéssemos voltar para casa de nosso Pai.
Isso é verdade. É maravilhosamente verdade. Mas só... que existe mais.
Os propósitos de Jesus Cristo não se limitam quando um de seus preciosos é perdoado. De forma nenhuma. Ficaria um pai bondoso satisfeito quando sua filha é resgatada de um acidente de carro, mas deixada no CTI? Não quer ele que ela seja curada também? Então Deus tem em mente muito mais para nós. Preste atenção a essa passagem de Isaías (pode ajudar lê-la bem devagar, com muita atenção, ou em voz alta para você mesmo)...
Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;
a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes;
a ordenar acerca dos que choram em Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em vez de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor, para que ele seja glorificado. (61.1-3)

Esta é a passagem que Jesus apontou quando ele começou seu ministério aqui na terra. De todas as Escrituras que ele poderia ter escolhido, essa foi a que ele pegou no dia que, pela primeira vez, ele anunciou sua missão. Deve ser importante para ele. Deve ser central. O que significa? Deveria ser boas notícias, isso é claro. Tem algo a ver com a cura de corações, libertação de alguns. Deixe me tentar e colocar isso em palavras que nos são mais familiares.
Deus me mandou em uma missão
Eu tenho algumas ótimas notícias para você
Deus me mandou para restaurar e libertar algo
E esse algo é você
Eu estou aqui para te devolver seu coração e libertar você
Estou furioso como o Inimigo que fez isso com você, e vou lutar contra ele
Deixe-me confortar você
Porque, minha querida, eu lhe darei beleza
Onde você conhecera somente devastação
Alegria, nos lugares de seu sofrimento profundo
E vou vestir seu coração com louvor de gratidão
Em troca de sua resignação e desespero.

Agora sim, esta é uma oferta digna de consideração. E se fosse verdade? Quero dizer, e se Jesus realmente pudesse e fizesse isso ao seu coração quebrado, à sua alma feminina alma ferida? Lei o texto de novo, e pergunte a ele, Jesus – isso é verdade para mim? Você faria isso por mim?
Ele pode, e irá... se você o deixar.
Você é a gloriosa portadora da imagem do Senhor Jesus Cristo – a coroa de sua criação. Você foi assaltada. Você decaiu aos seus próprios recursos. Seu Inimigo apreendeu você em suas feridas e pecados para cravar seu coração. Agora, o Filho de Deus veio para resgatar você, e para curar seu coração quebrado, ferido e ensangüentado e te libertar do cativeiro. Ele veio para os cativos de corações quebrantados. Eu sou isso. Você é isso. Ele para restaurar a gloriosa criação que você é. E então, libertar você... de você mesma.

E o Senhor seu Deus naquele dia os salvará, como o rebanho do seu povo; porque eles serão como as pedras de uma coroa, elevadas sobre a terra dele. Pois quão grande é a sua bondade, e quão grande é a sua formosura! (Zacarias 9.16-17)

Esta é a principal razão porque escrevemos este livro: para que você saiba que a cura para seu coração feminino é está disponível, e para ajudá-la a encontrar a cura. Para te ajudar a encontrar a restauração pela qual esperamos e que é central na missão de Jesus. Deixe que ele te tome pela mão agora e ande com você através de sua restauração e libertação.

Cercada

Por que Deus amaldiçoou Eva com solidão e coração partido, um vazio que nada seria capaz de preencher? A vida dela já não iria ser dura o suficiente no mundo, banida do Jardim que fora seu verdadeiro lar, seu único lar, não podendo retornar jamais? Isso parece ruim. Cruel, até.
Ele fez isso para salvá-la. Porque, como nós todas pessoalmente sabemos, algo no coração de Eva foi substituído na queda. Alguma coisa criou raízes profundas em sua alma – e nossa – aquele desconfiança sobre o coração de Deus, aquela resolução de encontrar vida nos nossos próprios termos. Então, Deus precisa frustrar os planos dela. Em amor, Ele tem que bloquear suas tentativas até que, ferida e sentindo dores, ela volte para Ele, somente Ele, para resgatá-la.

Portanto, eis que lhe cercarei o caminho com espinhos,
e contra ela levantarei uma sebe, para que ela não ache as suas veredas.
Ela irá em seguimento de seus amantes, mas não os alcançará;
buscá-los-á, mas não os achará . (Oséias 2.6-7)

Jesus precisa nos frustrar também – frustrar nossos planos de auto-redenção, nosso controle e nosso esconderijo, frustrar os caminhos que estamos procurando para preencher a dor dentro de nós. De outro modo, nós jamais nos voltaríamos completamente a Ele para nosso resgate. Oh, nós poderíamos nos voltarmos para Ele para nossa “salvação”, pelo passaporte para o céu quando morrermos. Nós poderíamos voltar para Ele até mesmo na forma de serviço cristão, freqüência nos cultos da igreja, uma vida moral. Mas dentro, nossos corações permaneceriam quebrados e cativos e longe d'Aquele que pode nos ajudar.
E, então, você verá a mão gentil e firme de Deus na vida de uma mulher a cercando. Ele fará miserável o que antes foi um excelente trabalho, se for em sua carreira que ela encontra abrigo. Ele trará dureza para seu casamento, até o ponto do rompimento, se for em seu casamento que ela procura salvação. Seja onde for onde procuremos vida longe d'Ele, Ele atrapalha nossos planos, nosso “modo de vida” que não é vida de jeito nenhum. Ouça a história de Susan:
“As coisas nos trabalho têm sido difíceis. Isso tem me levado a uma postura de defesa. Eu queria dizer: 'Você não entende, você não sabe da minha história. Eu tenho que me defender porque ninguém mais vai fazer isso'. Eu cresci com um pai alcoólico e uma mãe que sofria extremos problemas emocionais. Já bem nova (aproximadamente 8 anos) eu me tornei aquela que, quando meu pai batia em minha mãe, levantava-se para defendê-la, e quando minha mãe repreendia meu pai, eu era aquela que se levantava para defendê-lo. Até meus 16 anos, eu suportei todo o abuso verbas que minha mãe jogava sobre mim, mas chegou o dia em que eu decidi que não suportaria mais, Meu pai me disse que eu precisava voltar lá e agüentar. Essa flecha perfurou meu coração tão profundamente que as paredes do meu coração se tornaram impenetráveis. Eu não permiti que essa ferida fosse tocada por muitos e muitos anos.
Deus tem me mostrado que devido a essa defensividade eu enterrei meu coração verdadeiramente feminino, que deseja profundamente ser perseguido e ser disputado, ser visto em sua beleza, ser frágil e gentil, sentir intensamente. Ele tem me mostrado que, trazendo isso para meu casamento, eu não permiti a Dave a oportunidade de lutar por mim. Sinto pesar por isso. Deus me pediu para arrepender disso perante Dave e arriscar a ser vulnerável de novo. Estou agora em uma posição arriscada de vulnerabilidade, com o coração sangrando esperando e orando. Todo dia eu tenho que escolher deixar de lado minha defensividade e permitir que o bálsamo de cura de Jesus seja colocado em minha ferida e permitir que ele seja meu Deus, minha Força e meu Defensor.
Ele me disse que eu não preciso mais me defender, isso é trabalho dele, ele é meu Defensor e meu Advogado. Deixaria eu que ele fosse isso para mim? Eu disse sim. Tiraram um peso tão grande de minhas costas que eu nem consigo explicar”.

Voltando-se para os caminhos aos quais você procurou para salvar a si mesma

Mude alguns detalhes e você tem a minha história – e a sua. Nós construímos uma vida de segurança (não serei vulnerável nisso) e encontramos um lugar onde podemos sentir um pouquinho do gosto de ser apreciada ou pelo menos de ser “necessária”. Nossa jornada rumo à cura começa quando nos arrependemos desses caminhos e os deixamos de lado, abrimos mãos deles. Eles têm sido um real desastre de qualquer forma. Como disse Frederick Buechner:
Fazer a você o melhor que você tem em você mesmo para fazer – cerrar os dentes e fechar as mãos a fim de sobreviver ao que há de mais duro e pior no mundo – é, pelo próprio ato, ser incapaz de deixar que algo seja feito para você e em você que é mais maravilhoso ainda. O problema de se blindar contra a dureza da realidade é que o mesmo aço que impede sua vida de ser destruída impede, também, que sua vida seja aberta e transformada.

Deus vem a nós e pergunta: “Você me deixará vir em seu favor?” Ele não só frustra, mas ao mesmo tempo ele nos chama assim como ele fez com nossa amiga Susan, “Largue isso. Largue isso. Volte seus caminhos a mim. Eu quero vir em seu favor.”

Portanto, eis que eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração. (Oséias 2.14)

Para entrar na jornada em direção à cura de seu coração feminino, tudo que é preciso é um “Sim. Ok”. Uma simples mudança no seu coração. Como o filho pródigo, nós acordamos um dia para ver que a vida que nós construímos não é vida de forma alguma. Nós deixamos o desejo falar a nós de novo; nós deixamos nosso coração ter voz, e o que a voz geralmente diz é: “Isso não está funcionando. Minha vida é um desastre. Jesus, sinto muito. Perdoa-me. Por favor, venha ao meu encontro.

Convide-O a entrar

Há uma famosa passagem das Escrituras que muitas pessoas já ouviam no contexto de um convite a conhecer Cristo com Salvador. “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo” (Apocalipse 3. 20). Ele não força a ser aceito por nós. Ele bate, e espera que nós o convidemos a entrar. Há um passo inicial, o primeiro passo disso, que nós chamamos de salvação. Nós ouvimos Cristo batendo à porta e nós abrimos nosso coração a ele como Salvador. É a primeira virada. Mas esse princípio de “bater e esperar para a permissão para entrar” permanece verdadeiro ao longo de nossa vida cristã.
Veja, nós lidamos com nossas vidas quebradas mais ou menos do mesmo jeito – nós lidamos mal. Machuca demais chegar nesse ponto. Então, nós trancamos a porta daquele quarto em nossas vidas e jogamos a chave fora – assim como o Lord Craven tranca o Jardim Secreto após a morte de sua esposa e enterra a chave. Mas isso não traz cura. De jeito nenhum. Pode até trazer alívio – por um tempo. Mas nunca a cura. Geralmente, deixa órfã a garotinha naquele quarto, deixa que ela defenda-se sozinha. A melhor coisa que podemos fazer é deixar que Jesus entre, abrirmos a porta e o convidarmos a nos encontrar naqueles lugares de dor.
Pode surpreendê-la que Cristo pede nossa permissão para entrar e curar, mas ele é gentil, e a porta está fechada pelo lado de dentro, e a cura nunca vem contra nossa vontade. Para experimentarmos sua cura, nós precisamos dar a ele permissão para que também entre naqueles lugares que nós a tanto tempo fechamos para qualquer pessoa. “Você me deixará curá-la?” Ele bate através da nossa solidão. Ele bate através dos nossos sofrimentos. Ele bate através de eventos que se aproximam a algo que nos aconteceu no passado quando éramos jovens – uma traição, uma rejeição, uma palavra dita, um relacionamento perdido. Ele bate através de muitas coisas, esperando que nós deixemos que ele entre.
Dê a ele permissão. Dê a ele acesso ao seu coração quebrado. Peça que ele venha a esses lugares.

Sim, Jesus, sim. Eu te convido a entrar. Venha ao meu coração nesses lugares destruídos. [Você sabe quais são – peça que ele entre aí. Foi algum abuso? A perda do seu pai? O ciúmes de sua mãe? Peça a ele para entrar] Venha a mim, meu Salvador. Eu abro essa porta do meu coração. Eu te dou permissão para curar minhas feridas. Venha a mim aqui. Venha a mim aqui.

Renuncie aos acordos que você fez

Suas feridas trouxeram mensagens com elas. Muitas mensagens. De alguma forma elas pousam sobre o mesmo lugar. Elas têm um tema similar. “Você não vale nada”. “Você não é uma mulher”. “Você é muito... a não é o suficiente”. “Você é um desapontamento”. “Você é repulsiva”. E por aí vai. Como elas nos foram entregues com muita dor, sentimos que são verdadeiras. Elas perfuraram nossos corações, e elas pareciam tão reais. Então, aceitamos as mensagens como fatos. Nós as abraços como se fossem vereditos a nosso respeito.
Como dissemos antes, as promessas que fazemos quando crianças agem como acordos profundamente estabelecidos com a mensagem de nossas feridas. “Tudo bem. Se é assim que as coisas são, então é assim. Viverei minha vida da seguinte maneira...” As promessas que fizemos agem como uma aliança com as mensagens que provêm de nossas feridas profundas. Essas promessas de infância são coisas muito perigosas. Temos que renunciá-las. Antes que estejamos inteiramente convencidas de que elas não são verdade, temos que rejeitar a mensagem de nossas feridas. É uma forma de destrancar a porta para Jesus. Acordos trancam a porta pelo lado de dentro. Renunciar os acordos destrancam a porta para ele.

Jesus, perdoe-me por abraçar essas mentiras. Isso não é o que você disse sobre mim. Você disse que eu sou sua filha, sua amada, sua querida. Eu renuncio os acordos que fiz [nomeie as mensagens específicas com as quais você tem convivido. Eu sou estúpida. Eu sou feia. Você sabe quais são elas] Eu renuncio os acordos que tenho feito com essas mensagens por todos esses anos. Traga verdade aqui, oh Espírito da Verdade. Eu rejeito essas mentiras.

Nós encontramos nossas lágrimas

Um dos motivos por que as mulheres estão tão cansadas é que nós estamos gastando muita energia tentando “manter as coisas”. Muita energia devotada a suprimir a dor e manter a boa aparência. “Eu vou endurecer meu coração”, cantou Rindy Ross. “Eu vou engolir minhas lágrimas”. Um terrível e oneroso jeito de viver sua vida. Parte disso é guiado pelo medo de que a dor vai nos devastar. De que seremos consumidas pelo nosso sofrimento. É um medo compreensível – mas não é mais verdadeiro que o medo que tínhamos do escuro quando crianças. Tristeza, queridas irmãs, é bom. Tristeza nos ajuda a curar nossos corações. Por quê? O próprio Jesus foi um “homem de dores, e experimentado nos sofrimentos” (Isaías 53. 3).
Deixe que venham as lágrimas. Fique sozinha, vá para seu carro ou seu quarto ou para o chuveiro e deixe que venham as lágrimas. Deixe que venham as lágrimas. É a única coisa a fazer para seu ferimento. Permita a você mesma sentir de novo. E você sentirá – muitas coisas. Ira. Tudo bem. Ira não é pecado (Efésios 4.26). Remorso. Claro que você vai sentir remorso e arrepender por tantos anos perdidos. Medo. Sim, isso faz sentido. Jesus pode lidar com medo também. Na verdade, não existe nenhuma emoção que você possa trazer à tona com que Jesus não possa lidar. (Olhe os Salmos - eles são um mar revolto de emoções).
Deixe-as sair.
Como Agostinho escreveu em suas Confissões, “As lágrimas... correram, e eu as deixei fluir o mais livre possível, fazendo delas um travesseiro para meu coração. Sobre elas ele descansou”. Tristeza é uma forma de validação; ela diz que a ferida importava. Importava. Você importava. Esse não é o caminho que a vida deveria seguir. Há lágrimas não derramadas lá no fundo – as lágrimas de uma pequena menina que está perdida e amedrontada. As lágrimas de uma adolescente que foi rejeitada e que não tem para onde se voltar. As lágrimas de uma mulher cuja vida tem sido dura e solitária e nada próximo aos seus sonhos.
Deixe que venham as lágrimas.

Perdoe

Ok – agora para um passo duro (como se os outros tivessem sido fáceis). Um verdadeiro passo de coragem e vontade. Devemos perdoar aqueles que nos machucaram. A razão é simples: amargura e falta de perdão armam suas armadilhas no fundo do nosso coração; elas são cadeias que nos mantêm cativas às feridas e às mensagens das feridas. Até que você perdoe, você permanece prisioneira delas. Paulo nos alerta para o fato de que a falta de perdão e a amargura podem destruir nossas vidas e as vidas de outros (Efésios 4.31; Hebreus 12.15). Nós temos que deixar tudo para trás.

Assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também (Colossenses 3.13)

Agora, escute com atenção. Perdão é uma escolha. Não é um sentimento – não tente e sinta-se perdoando. É um ato de vontade. “Não espere para perdoar até você sentir que perdoou”, escreveu Neil Anderson. “Você nunca chegará lá. Leva tempo para curar sentimentos depois que se toma a decisão de perdoar”. Nós permitimos que Deus traga o sofrimento à tona de nosso passado, porque “se seu perdão não visitar o centro emocional de sua vida, será incompleto”, disse Anderson. Nós sabemos que aquilo machucou, que importava, e nós decidimos estender perdão aos nossos pais, às nossas mães, todos aqueles que nos machucaram. Isso não é o mesmo que dizer: “Não importava mesmo!”; nem é dizer: “no fim das contas, eu provavelmente merecia parte disso”. Perdão diz: “Foi errado. Muito errado. Importava, machucou-me profundamente. E eu te liberto. Eu te entrego a Deus”.
Pode te ajudar lembrar que aqueles que te machucaram, também, foram profundamente machucados. Eles tiveram seus corações partidos, partidos quando eles eram jovens, e eles foram presos pelo Inimigo. Na verdade, eles foram como peões de xadrez em suas mãos. Isso não os absolve das escolhas que fizeram, as coisas que fizeram. Isso só nos ajuda a libertá-los – perceber que eles mesmos são almas despedaçadas, usadas pelo nosso verdadeiro Inimigo em sua guerra contra a feminilidade.

Peça a Jesus para te curar

Nós deixamos nossas estratégias de auto-redenção. Nós abrimos a porta de nossos corações machucados para Jesus. Nós renunciamos aos acordos que fizemos com as mensagens de nossas feridas, renunciamos as promessas que fizemos. Nós perdoamos aqueles que nos feriram. E então, com um coração aberto, nós simplesmente pedimos que Jesus nos cure. Melissa era uma jovem garota que prometeu “serei durona; dura, como uma rocha”, e se tornou assim por muitos anos. Mas esse não é o final de sua história. Ela chegou ao ponto em que Jesus pediu para curar seu coração ferido. Ela lhe deu permissão para entrar. Foi isso o que aconteceu:

Deus voltou atrás e pegou aquela trêmula garotinha que estava se escondendo debaixo da cama e a convenceu a sair. Ele abriu seus pequenos punhos e tomou sua mão e a colocou na dele e respondeu sua questão. Ele a segurou e a disse que era bom ela não ser durona. Ele a protegeria. Ela não precisava ser forte. Ele a disse que ela não era uma rocha, mas uma criança. Uma criança inocente. Sua criança. Ele não a condenou por nada, pelo contrário a compreendeu e a amou! Ele lhe disse que ela era especial... como nenhuma outra e que ela tinha talentos especiais como nenhuma outra. Ele .... e agradou-se nela enquanto falava. Ele foi tão gentil e amável que ela não pode evitar derreter-se em seus braços.

Isso está disponível. Essa é a oferta de nosso Salvador – curar nossos corações partidos. Ir àqueles lugares mais novos dentro de nós e nos encontrar lá, nos tomar em seus braços, nos trazer para casa. Chegou a hora de deixar que Jesus te cure.

Jesus, venha a mim e cure meu coração. Venha aos lugares desolados dentro de mim. Venha até aquela garotinha que foi ferida. Venha e me tome em seus braços, e me cure. Faça para mim o que você prometeu que faria – cure meu coração partido e me liberte.

Peça-lhe para destruir seus inimigos

Em uma bela passagem de Isaías 61, Deus promete “liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos” (v. 1). Ele vem apregoar “vingança” contra nossos inimigos (v. 2). Nossas feridas, nossos votos, e os acordos que fizemos com as mensagens, tudo dá terreno para o Inimigo em nossas vidas. Paulo nos alerta sobre isso em Efésios 4, quando ele diz – escrevendo para os cristãos - “não deis lugar ao Diabo” (v. 27). Há coisas com que você teve que lutar em toda sua vida – dúvidas sobre si mesma, raiva, depressão, vergonha, vício, medo. Você provavelmente pensou que fossem por sua culpa, também.
Mas elas não são. Elas vieram do Inimigo que queria prender seu coração, fazer de você uma prisioneira da escuridão. Para ter certeza, nós obedecemos. Nós permitimos que essas fortalezas se formem quando lidamos mal com nossas feridas e fizemos aqueles votos. Mas Jesus nos perdoou de tudo isso, e agora ele quer nos libertar.
Peça-lhe que destrua seus inimigos. Ele prometeu fazer, afinal. Peça a Jesus que liberte seu coração do cativeiro dessas coisas.

Jesus, venha resgatar-me. Liberte-me [você sabe do que precisa ser libertada, nomeie-a]. Liberte-me da escuridão. Traga sua vingança sobre meus inimigos. Eu os rejeito e te peço que os leve a julgamento. Liberte meu coração.

Deixe Ele ser seu pai

Então, ele foi a Sara na salinha de estar e eles se despediram. Sara sentou-se em seus joelhos e segurou na gola do casaco dele com suas pequenas mãos e olhou sua face por muito tempo.
- Você está me conhecendo pelo coração, pequena Sara? Perguntou ele, acariciando os cabelos dela.
- Não, ela respondeu. Eu te conheço de coração. Você está dentro do meu coração.
E eles colocaram seus braços em volta um do outro e se beijaram, como se nunca fossem deixar o outro ir embora (Frances Hodgoson Burnett, A Princesinha).
Essa história preciosa toca algo profundo no coração de pequenas garotas – e de mulheres. Toda menininha foi criada para viver em um mundo com um pai que a ama incondicionalmente. Ela aprende quem Deus é, como Ele é, como Ele sente sobre ela de seu pai terreno primeiro. Deus é “nosso Pai, que está nos céus”. Inicialmente, Ele quer se revelar a suas filhas e filhos através do amor de nossos pais. Nós fomos feitos para conhecer o amor de pai, ser guardado nesse amor, ser protegido por ele, e florescer ali.
Eu (Stasi) ouvi muitas vezes que o que nós primeiro acreditamos sobre Deus, o Pai, vem diretamente do que nós sabemos e experimentamos de nossos pais terrenos. Ouvi isso pela primeira vez de um púlpito quando era uma jovem cristã e em meu típico, educável modo, pensei, “que estúpido”. Não que o pastor fosse estúpido, mas que a idéia em si era ridícula. Claro, meu próprio pai não era Deus. Todo mundo sabia disso. Mas depois, quando ouvia outras mulheres falar do Deus Pai, freqüentemente ouvia em suas vozes uma suavidade, uma ternura, talvez até uma criancice que era estranha para mim. Quando eu comecei a ouvir outros orando ao “papai”, eu soube que eles estavam falando com “alguém” que eu não conhecia.
Eu nunca chamei meu próprio pai de “papai”. “Papai” era como os pais eram chamados nos filmes. Muitos de nós crescemos em lares onde o termo correto para tratar o pai era “senhor”. Intimidade e dependência com um pai que raramente estava em casa – e emocionalmente ausente quando presente – era impossível pra mim. Lembre-se – ele não queria me conhecer. Eu era uma decepção para ele.
Cheguei no ponto de compreender que o que aquele pastor estava me dizendo anos atrás era verdade. Eu estava vendo meu Pai Celestial através das lentes das minhas experiências com meu próprio pai. E para mim, isso significava que meu Pai Celestial era distante, indiferente, indisponível, difícil de agradar, facilmente desapontado, pronto para se irar, e muitas vezes difícil de prever. Eu queria agradá-lo, isso é verdade. Mas, já que para mim Deus era difícil de compreender e nem um pouco convidativo, meu relacionamento com Deus estava centralizado no meu relacionamento com Seu Filho. Jesus gostava de mim. Não tinha tanta certeza se Seu Pai gostava.
Depois de anos de vida cristã, comecei a sentir fome de conhecer Deus mais profundamente como meu Pai. Pedi-lhe que se revelasse a mim como meu papai. Em resposta, Deus me convidou para uma jornada no meu profundo coração, que tomou rumos surpreendentes e ainda continua. Primeiro, Deus me levou a olhar mais de perto para meu pai. Quem ele realmente era? O que ele realmente sentia por mim? Do que eu me lembrava? Deus me convidou para ir com ele nos lugares profundos do meu coração que estavam escondidos e feridos e sangrando ainda das mágoas que recebi das mãos do meu pai. Lugares que eu não queria ir. Lembranças que eu não queria reviver. Emoções que eu não queria sentir. A única razão que me fez aceitar o convite de Deus, e que me faria viajar até lá, foi porque eu sabia que Ele iria comigo. De mãos dadas. Ele seguraria meu coração. E eu confiei no dele.
Existe uma parte essencial no nosso coração que foi feita para o Papai. Feita para seu amor forte e carinhoso. Essa parte ainda existe, e está ansiando. Abra-a para Jesus e para seu Deus Pai. Peça-lhe que venha e a ame lá, encontre-a lá. Tentamos com tanto afinco encontrar satisfação desse amor nas outras pessoas, e nunca, nunca funciona. Vamos dar esse tesouro de volta para Aquele que pode nos amar melhor.

Pai, eu preciso do seu amor. Venha ao cerne do meu coração. Venha e traga seu amor para mim. Ajude-me a conhecê-lo por quem você realmente é – não como eu vejo meu pai terreno. Revela-se a mim. Revela seu amor por mim. Diga-me o que eu significo para você. Venha e seja meu pai.

Peça a Ele que responda sua pergunta

Os que leram “A Princesinha” de Frances Hodgson Burnett vão se lembrar que a vida não era muito boa para Sara. No meio da festa do seu décimo primeiro aniversário, chega a notícia na escola que seu amado papai havia falecido. Sua fortuna foi confiscada, e sua filha ficou pobre. Sem ter como pagar por sua educação particular, Sara foi humilhada, obrigada a trabalhar, tratada com crueldade, e teve que dormir num sótão abandonado.
Mas o amor que o pai de Sara derramou no seu coração tinha causado um impacto duradouro. Pobre, desolada, e mal tratada, Sara tinha um coração de ouro. E disse a si mesma: “Nada do que acontecer pode mudar uma coisa. Se eu sou uma princesa vestida de trapos, posso ser uma princesa por dentro. Seria fácil ser uma princesa se eu estivesse com vestes de ouro, mas é um triunfo muito maior ser uma o tempo todo, quando ninguém mais sabe disso”.
Como se chega a uma convicção como essa? Você leva a Pergunta mais profunda do seu coração para Deus. Você ainda tem um Pergunta, minha querida. Todas nós temos. Todas nós ainda precisamos saber se Você me vê? Eu sou cativante? Eu tenho uma beleza só minha?
Ano passado percebi que essa pergunta ainda precisava de uma resposta no coração da Staci. Um dia saímos para celebrar nosso aniversário de casamento. Num certo momento da noite, eu disse: “Você era uma criança linda”. Ela me olhou como se dissesse “não minta para mim!”. “Você nunca soube disso?” Uma pausa longa. “Não”. “Oh, querida – você não sabia?” Eu vi as fotos. Eu vi relances da beleza que ela tinha. Mas a vida escreveu uma mensagem diferente em seu coração. Então, eu a incentivei: “Você deve perguntar a Deus o que ele viu. Leve isso para ele”.
Poderíamos contar tantas histórias lindas de mulheres que receberam de Deus a resposta de suas Perguntas. Como uma jovem amiga nossa, Kim, ansiava por ser uma princesa que estava sendo resgatada nas brincadeiras de crianças. “Mas a menina que morava no final da rua era mais bonitinha do que eu. Ela era uma Barbie. Então eu tinha que ficar com os meninos, lutar contra o dragão e resgatá-la. Eu nunca fui a Bela”. Lágrimas vieram com essa história – lágrimas jovens, que nunca haviam chorado por isso. Foi bom finalmente deixá-las sair. “Kim, vou dizer o que quero que você faça. Quero que você peça a Jesus para mostrá-la sua beleza”. “Eu posso fazer isso?” disse ela. “Quer dizer, tudo bem se eu fizer isso? Ele faria isso por mim?”
Ela voltou dois meses depois sorrindo como se tivesse um grande segredo para contar. Sua face brilhava. Ela nos contou que Jesus tinha vindo. Ele revelou a beleza dela – unicamente dela – de várias maneiras. Mais de duzentas. “Tem sido incrível. Estou começando a acreditar que sou bonita”.
Há poucas semanas atrás eu estava conversando com nossa amiga Debbie; seu pai teve um caso e ela passa muito tempo e gastava muita energia tentando “consertar” o que estava de errado com ela. “Será que é possível que você tem uma beleza genuína e cativante que é desfigurada somente por esse esforço?” Ela se recostou na cadeira e suspirou enquanto refletia nesse pensamento. Alguma coisa suavizou. De repente ela estava leve, e linda. O véu foi rasgado, e lá estava ela – uma linda mulher. A resignação foi embora; a ansiedade e a dor foram embora. Ela, por um momento, descansou. “O que seu coração faz com essa possibilidade?” Uma pausa momentânea. “Duas coisas surgem em mim,” disse ela. “Viva!” e “Droga!” Eu sorri diante de sua honestidade. “’Viva’ pela grande probabilidade de isso ser verdade, e ‘droga’ por ter feito isso todos esses anos”.
Vamos começar com um pensamento. E se a mensagem dada pelas suas feridas simplesmente não são verdades sobre você? Deixa esse pensamento entrar. Não era verdade. Para o quê isso te liberta? Para chorar? Regozijar? Abandonar? Sair? Ter seu coração de volta? Aqui está a experiência de uma mulher:

Mesmo sendo bem “sucedida” em muitas áreas, sempre me senti envergonhada pela ausência da feminilidade definida pelo mundo. Perguntar a Deus o que ele achava de mim como uma mulher era mais que angustiante. Eu lutei com ele até o fim. Eu sabia na minha mente que ele não seria maldoso, mas eu estava convencida de tinha falhado miseravelmente nesse departamento...Quando finalmente me permiti ouvir Deus dizer um novo nome, o que eu ouvi foi Graça. E a mentira de “masculina demais e feminina de menos” se despedaçou em segundos. Ele me adorna com sua Graça, Ele me adorna com seu amor. E eu sou satisfeita (Sl 103).

Leve sua Pergunta para Jesus. Peça-lhe que mostre sua beleza. E depois? Deixe-o ser Romântico com você.

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